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MERCADO FINANCEIRO
Moody's eleva de "B2" para "B1" a classificação de papéis brasileiros e cita nível alto de arrecadação
Nota da dívida sobe e retoma nível de 2002
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Moody's, uma das principais
agências de classificação de risco
do mundo, elevou ontem a nota
do Brasil. Com a medida, o país
voltou ao nível de avaliação que
estava em agosto de 2002, antes de
ser rebaixado.
Com sua decisão, a Moody's
mandou um recado aos investidores, o de que a probabilidade de
o governo brasileiro deixar de pagar sua dívida externa diminuiu.
A dívida em moeda estrangeira
do governo -títulos emitidos e
negociados no exterior- teve seu
"rating" (classificação de risco)
elevado de "B2" para "B1". Em
agosto de 2002, no turbulento período pré-eleitoral, a Moody's havia feito o caminho inverso, reduzindo a nota de "B1" para "B2".
Para justificar sua decisão, a
Moody's afirmou que, além da expansão das exportações e a redução dos empréstimos em moeda
estrangeira, o nível elevado de arrecadação do setor público está
ajudando a estabilizar a relação
entre o endividamento do governo e sua receita.
A reação do mercado financeiro
foi discreta, pois a decisão era amplamente esperada. O dólar fechou estável, a R$ 2,90, e a Bovespa teve baixa de 1,1%.
"A melhora do "rating" sempre
chega com atraso em relação aos
fatos e apenas confirma uma situação de melhora já configurada.
Com sua decisão, a Moody's apenas deixou o Brasil no patamar
dado pelas outras agências de
classificação", diz Paulo Gomes,
da consultoria Global Invest.
A Moody's classifica como risco
"B" as dívidas com baixa probabilidade de pagamento em períodos
prolongados. Ao trocar a nota
brasileira de "B2" para "B1", a
agência elevou o país em um degrau dentro dessa categoria.
"Temos visto o Brasil retomar a
rota do crescimento após um período prolongado de recessão. O
investimento direto e o comércio
do país têm se mostrado bem fortes", diz Jerome Booth, chefe de
análises da Ashmore Investment
Management.
O Brasil ainda segue quatro patamares abaixo do nível de "investment grade" (zona de segurança). Receber o conceito de "investment grade" significa pagar
juros menores ao tomar empréstimos no exterior, tanto para o governo quanto para as empresas.
Ao dizer que o país é bom pagador, a agência avalia que, se o investidor emprestar dinheiro a ele
-comprar títulos da dívida externa, por exemplo-, teoricamente não tomará calote.
Para Alexandre Póvoa, economista-chefe da Modal Asset, "a
Moody's só corrigiu o erro de não
ter elevado a nota antes. Certamente a situação do país é muito
melhor que a de agosto de 2002,
quando houve o rebaixamento".
Póvoa diz que, se agência, além da
elevação, tivesse colocado a nota
em perspectiva positiva (indicação de alta), o mercado poderia
ter respondido com ânimo.
Ainda ontem, outra agência, a
Fitch, deu nota "B+" para o bônus
emitido pelo governo brasileiro
na quarta. O Brasil fechou uma
operação de captação de 750
milhões pelo prazo de oito anos.
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