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PEDRA NO CAMINHO?
FGV reconhece potencial de repasses, mas descarta "descontrole"
Aumento no consumo eleva
IGP-DI para 1,31% em agosto
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A expansão do nível de atividade econômica nos últimos meses
já mostra seus efeitos negativos
sobre a inflação. O IGP-DI (Índice
Geral de Preços - Disponibilidade
Interna), divulgado ontem pela
FGV (Fundação Getúlio Vargas),
superou as expectativas e encerrou agosto com alta de 1,31%.
A taxa é maior do que o 1,14%
de julho. Também está acima da
média das expectativas das instituições financeiras (0,92%), apuradas pelo Banco Central.
A inflação de agosto, de acordo
com a FGV, subiu embalada por
aumentos de produtos no atacado, cujo consumo está aquecido.
Esse movimento já aparecia no
aço -que subiu 7,97% em agosto-, mas agora "contaminou"
outros produtos, como papel e
papelão, máquinas, equipamentos e caminhões e borracha.
Todos esses ramos, diz a FGV,
estão com as vendas em alta e não
têm muita capacidade ociosa em
suas fábricas para ampliar a produção. Tal situação resulta no aumento dos preços.
Pressionado especialmente por
esses ramos, o IPA (Índice de Preços por Atacado) registrou alta de
1,59% -ante 1,35% em julho.
"Com a demanda forte, há um
terreno fértil para os aumentos de
preço", disse Salomão Quadros,
coordenador de análises da FGV.
Embora reconheça que haja
"um potencial" de repasses para o
consumidor final, Quadros afirmou que a inflação não está descontrolada. Para ele, os aumentos
concentram-se em poucos itens.
Prova disso é que o núcleo da
inflação (que exclui as maiores altas e baixas), muito observado pelo BC na hora de fixar os juros,
não subiu na mesma velocidade
do IPC. Ficou em 0,42%, ante
0,36% de julho.
"Não há uma generalização na
inflação. O que aconteceu é que
itens de muito peso tiveram altas
expressivas", afirmou Quadros.
Na semana que antecede a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC tem repetido
sua preocupação com a alta de
preços. Cresce, portanto, a perspectiva de uma elevação da taxa
básica de juros (hoje em 16%).
Segundo Quadros, a maioria
dos reajustes está acontecendo
em bens intermediários (utilizados para fazer outros produtos),
por isso tendem a demorar mais
para chegar ao consumidor final.
O repasse, diz, também não deve
ocorrer de forma integral.
Existem, porém, bens de consumo final cujos preços subiram no
atacado em razão do aumento do
custo das matérias-primas que
também já mostram alta no varejo. É o caso de móveis e veículos,
com reajustes ao consumidor de
1,71% e 1,15%, respectivamente.
Apesar desses aumentos, a
maior pressão no IPC (Índice de
Preços ao Consumidor) veio dos
alimentos (1,63%), principalmente hortaliças e legumes (12,39%).
O índice de agosto ficou em
0,79%, contra 0,59% de julho.
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