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PEDRA NO CAMINHO?
Produção sobe pelo 5� mês seguido, mas tem queda nos setores de bens semi e não-duráveis, aponta IBGE
Renda ainda trava recuperação industrial
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
A produção industrial brasileira
registrou uma expansão de 0,5%
em julho em relação a junho. Apesar de acumular o quinto aumento consecutivo no ano, o percentual ficou abaixo do esperado pelas consultorias, que projetavam,
em média, um aumento de 1%.
Nos sete meses de 2004, o crescimento foi de 7,8%.
A pesquisa do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que a produção de
bens semi-duráveis e não-duráveis, que incluem itens de consumo rápido como alimentos, vestuário e produtos farmacêuticos,
apresentou uma queda de 1% em
julho na comparação com o mês
anterior. Para o instituto, o setor
apresenta um "ritmo de recuperação bem mais moderado" pelo fato de ser "mais sensível à evolução
da massa de rendimentos".
O rendimento médio real das
pessoas ocupadas registrou em
julho a primeira alta -de 2%-
em relação ao mesmo mês do ano
anterior, segundo o IBGE. Mesmo
assim, permanece abaixo do recebido há dois anos.
"É bastante razoável que os
bens semi e não-duráveis tenham
uma recuperação bem lenta e gradual", avalia Bráulio Borges, economista da LCA Consultores. "A
taxa de desemprego do ano passado estava muito alta, e as pessoas
que conseguem emprego estão
pagando dívidas e comprando
bens duráveis [como veículos,
eletrodomésticos e móveis] pela
facilidade de crédito."
Essa é a avaliação de Silvio Sales,
chefe de Coordenação da Indústria do IBGE. "O consumo está
mais evidente nos casos de bens
de capital [adquiridos para modernização ou ampliação das empresas] e de bens duráveis, que
dependem mais do acesso ao crédito para se expandir. Os bens
não-duráveis dependem de aumento da renda real."
No caso de bens de capital, a
pesquisa apontou uma queda de
1,1% em julho em relação a junho,
após quatro meses consecutivos
de alta. Esse setor é analisado com
lupa pelos analistas, pois identifica se as empresas estão ampliando sua capacidade instalada
-fundamental para que o país
consiga produzir mais sem que
haja pressão inflacionária.
A queda, no entanto, não preocupa Silvio Sales, do IBGE. "É o
primeiro resultado negativo depois de quatro meses consecutivos de alta. É natural que na margem, ou seja, na comparação de
um mês com o mês imediatamente anterior, ocorram ajustes." A
produção de bens de capital teve
uma expansão de 24,9% nos sete
meses deste ano, a maior de todos
os setores.
"Esse dado mostra que há aumento dos investimentos. A questão é saber se são suficientes para
desafogar os setores que estão
perto de atingir sua capacidade
instalada", disse Sales. Ele ressaltou ainda que a última vez em que
a produção da indústria em geral
havia apresentado cinco crescimentos consecutivos ante mês
anterior foi entre novembro de
2001 e março de 2002.
Para Bráulio Borges, a tendência continua apontando para um
crescimento de bens de capital.
"Se houvesse três, quatro meses
de queda, seria sinal de alguma
coisa errada." Já para Juan Pedro
Jensen, da Tendências Consultoria, tanto a queda na produção de
bens de capital como na de bens
semi e não-duráveis "acendem
uma luz amarela, mas não chegam a preocupar".
A "luz amarela" aparece, na sua
avaliação, porque os dois setores
são os que mais podem crescer
sem pressionar a inflação. "O que
tem que crescer não apresentou
expansão, mas ainda acreditamos
que o resultado seja pontual."
A maior queda nos sete meses
deste ano foi da indústria farmacêutica (-11,17%). A Febrafarma
(Federação Brasileira da Indústria
Farmacêutica), que representa a
categoria, disse que não iria se
manifestar sobre o resultado.
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