|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"NO PREGO"
Valor da tabela aumenta e permite que usuário saia com dinheiro ao refazer contrato anterior a agosto de 2004
Cliente do penhor leva "troco" na renovação
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
Um cartaz se destaca no setor de
penhor das 336 agências da Caixa
Econômica Federal que oferecem
o serviço: "Prezado cliente, a Caixa atualizou sua tabela de avaliação de jóias. Caso seu contrato seja anterior a agosto de 2004, você
poderá aumentar o valor do empréstimo, sem a necessidade de
penhorar outras jóias".
Efeito prático da medida: um
cliente que tenha contrato anterior a agosto do ano passado e
precise renová-lo, em vez de pagar taxas e juros devidos, pode
sair da Caixa com mais dinheiro.
Ou pode obter mais dinheiro sem
precisar penhorar novas peças.
Isso ocorre devido ao reajuste
da UP (Unidade Pignoratícia),
usada para indexar os valores da
avaliação. Quando o cliente leva a
jóia para penhorar, a avaliação é
convertida em UPs. "A UP leva
em conta um conjunto de indicadores, como ouro, dólar e a própria performance da carteira de
penhor", explica Maria Fernandes Neres Senna, gerente de produto da área de penhor da Caixa.
Quem opta pela reavaliação vê a
dívida aumentar, como explicam
os atendentes do setor aos interessados. "Mas, na hora do aperto, a
gente nem vê isso", diz Sheila
Smith, que há 25 anos penhora
suas jóias e, com o dinheiro, até
pagou prestações de sua casa.
E é exatamente na "hora do
aperto" que o penhor é mais procurado. Segundo pesquisa da Caixa, 70% dos entrevistados usaram
o dinheiro obtido no empréstimo
para pagar dívidas pessoais. E
março é normalmente o mês em
que mais sobe o número de operações, "por conta de despesas como material escolar, impostos, férias etc.", diz Maria Senna. No
mês de março do ano passado, foi
estabelecido o recorde de contratos do serviço: 871.427.
Taxas de juros mais baixas do
que os empréstimos convencionais, dar a jóia como garantia sem
precisar vendê-la e não dever favor são fatores citados pelos usuários como determinantes quando
decidiram recorrer ao penhor.
E há um outro motivo: a tranqüilidade de manter sua jóia guardada. "Uma vez, trouxe um anel
para penhorar, mas eles ofereceram pouco e resolvi levá-lo de volta. Dois dias depois, entrou ladrão
em casa e o levou. Antes tivesse
penhorado", disse Adriana Gomes Rocha, 34, cliente "assídua"
do serviço há mais de dez anos.
Aliás, assiduidade é uma característica do penhor: entre clientes
entrevistados pela Caixa, 78% já o
haviam utilizado antes.
A primeira vez
Muitas vezes, quem não usa o
serviço já ouviu falar e acaba gostando da idéia. Foi assim com
Cristina Martinelli, que na última
quinta-feira debutava no penhor
com jóias levadas para deixar em
garantia. "Eu precisei de dinheiro
e resolvi vir aqui. Já sou cliente da
Caixa, mas nunca tinha usado o
penhor", afirmou ela, enquanto
esperava sua vez.
Quando sua senha foi chamada
-o atendimento é todo feito com
senhas e a espera é sentada, em
um ambiente quase silencioso-,
ela levou as jóias e recebeu orientação da atendente, que ainda disse: "Mas dias melhores virão".
"Já pedi empréstimo normal
antes, não gostei, se você não tem
como arrumar o dinheiro na hora
em que ele vence é um sufoco",
afirma a produtora de eventos
Sandra Silva. "Aqui, você tem
mais prazo e pode pagar as taxas
até no dia do leilão."
O leilão é o último recurso da
Caixa para obter o dinheiro de
volta. Quando o cliente não paga
os juros previstos em contrato, ele
se arrisca a ver suas jóias ou prataria leiloadas. Mas a Caixa o comunica da possibilidade de suas peças irem a leilão. Caso elas sejam
realmente leiloadas, o cliente ainda tem direito a pegar na Caixa a
diferença entre o valor de venda e
sua dívida com a instituição.
Expansão
A Caixa vem expandindo o serviço de penhor. Até o final do ano,
segundo Maria Senna, a intenção
é que ele esteja disponível em 400
agências da rede. Em 2006, o plano é oferecê-lo em 415 pontos.
Hoje, em todas as capitais de Estados há ao menos uma agência em
que é possível contratar o serviço.
E há mais novidades. Em fevereiro deste ano, o limite de dinheiro que uma só pessoa pode receber passou para R$ 50 mil. Além
disso, há a modalidade do micropenhor -taxas mais baixas para
quem não tem conta em banco ou
que tenha tido saldo médio inferior a R$ 1.000 no mês anterior ao
contrato. Nesse caso, o empréstimo só pode ser de até R$ 600.
O resultado pode ser visto nos
números: R$ 4,1 bilhões em créditos concedidos em 2004 e a perspectiva de fechar 2005 com crescimento de 11,2%, totalizando R$
4,5 bilhões em empréstimos.
Texto Anterior: Made in Brazil: Empresas exportam para vencer pirataria Próximo Texto: ICMS: SP autoriza documento fiscal pela internet Índice
|