São Paulo, domingo, 10 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"NO PREGO"

Valor da tabela aumenta e permite que usuário saia com dinheiro ao refazer contrato anterior a agosto de 2004

Cliente do penhor leva "troco" na renovação

FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO

Um cartaz se destaca no setor de penhor das 336 agências da Caixa Econômica Federal que oferecem o serviço: "Prezado cliente, a Caixa atualizou sua tabela de avaliação de jóias. Caso seu contrato seja anterior a agosto de 2004, você poderá aumentar o valor do empréstimo, sem a necessidade de penhorar outras jóias".
Efeito prático da medida: um cliente que tenha contrato anterior a agosto do ano passado e precise renová-lo, em vez de pagar taxas e juros devidos, pode sair da Caixa com mais dinheiro. Ou pode obter mais dinheiro sem precisar penhorar novas peças.
Isso ocorre devido ao reajuste da UP (Unidade Pignoratícia), usada para indexar os valores da avaliação. Quando o cliente leva a jóia para penhorar, a avaliação é convertida em UPs. "A UP leva em conta um conjunto de indicadores, como ouro, dólar e a própria performance da carteira de penhor", explica Maria Fernandes Neres Senna, gerente de produto da área de penhor da Caixa.
Quem opta pela reavaliação vê a dívida aumentar, como explicam os atendentes do setor aos interessados. "Mas, na hora do aperto, a gente nem vê isso", diz Sheila Smith, que há 25 anos penhora suas jóias e, com o dinheiro, até pagou prestações de sua casa.
E é exatamente na "hora do aperto" que o penhor é mais procurado. Segundo pesquisa da Caixa, 70% dos entrevistados usaram o dinheiro obtido no empréstimo para pagar dívidas pessoais. E março é normalmente o mês em que mais sobe o número de operações, "por conta de despesas como material escolar, impostos, férias etc.", diz Maria Senna. No mês de março do ano passado, foi estabelecido o recorde de contratos do serviço: 871.427.
Taxas de juros mais baixas do que os empréstimos convencionais, dar a jóia como garantia sem precisar vendê-la e não dever favor são fatores citados pelos usuários como determinantes quando decidiram recorrer ao penhor.
E há um outro motivo: a tranqüilidade de manter sua jóia guardada. "Uma vez, trouxe um anel para penhorar, mas eles ofereceram pouco e resolvi levá-lo de volta. Dois dias depois, entrou ladrão em casa e o levou. Antes tivesse penhorado", disse Adriana Gomes Rocha, 34, cliente "assídua" do serviço há mais de dez anos.
Aliás, assiduidade é uma característica do penhor: entre clientes entrevistados pela Caixa, 78% já o haviam utilizado antes.

A primeira vez
Muitas vezes, quem não usa o serviço já ouviu falar e acaba gostando da idéia. Foi assim com Cristina Martinelli, que na última quinta-feira debutava no penhor com jóias levadas para deixar em garantia. "Eu precisei de dinheiro e resolvi vir aqui. Já sou cliente da Caixa, mas nunca tinha usado o penhor", afirmou ela, enquanto esperava sua vez.
Quando sua senha foi chamada -o atendimento é todo feito com senhas e a espera é sentada, em um ambiente quase silencioso-, ela levou as jóias e recebeu orientação da atendente, que ainda disse: "Mas dias melhores virão".
"Já pedi empréstimo normal antes, não gostei, se você não tem como arrumar o dinheiro na hora em que ele vence é um sufoco", afirma a produtora de eventos Sandra Silva. "Aqui, você tem mais prazo e pode pagar as taxas até no dia do leilão."
O leilão é o último recurso da Caixa para obter o dinheiro de volta. Quando o cliente não paga os juros previstos em contrato, ele se arrisca a ver suas jóias ou prataria leiloadas. Mas a Caixa o comunica da possibilidade de suas peças irem a leilão. Caso elas sejam realmente leiloadas, o cliente ainda tem direito a pegar na Caixa a diferença entre o valor de venda e sua dívida com a instituição.

Expansão

A Caixa vem expandindo o serviço de penhor. Até o final do ano, segundo Maria Senna, a intenção é que ele esteja disponível em 400 agências da rede. Em 2006, o plano é oferecê-lo em 415 pontos. Hoje, em todas as capitais de Estados há ao menos uma agência em que é possível contratar o serviço.
E há mais novidades. Em fevereiro deste ano, o limite de dinheiro que uma só pessoa pode receber passou para R$ 50 mil. Além disso, há a modalidade do micropenhor -taxas mais baixas para quem não tem conta em banco ou que tenha tido saldo médio inferior a R$ 1.000 no mês anterior ao contrato. Nesse caso, o empréstimo só pode ser de até R$ 600.
O resultado pode ser visto nos números: R$ 4,1 bilhões em créditos concedidos em 2004 e a perspectiva de fechar 2005 com crescimento de 11,2%, totalizando R$ 4,5 bilhões em empréstimos.

Texto Anterior: Made in Brazil: Empresas exportam para vencer pirataria
Próximo Texto: ICMS: SP autoriza documento fiscal pela internet
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.