São Paulo, domingo, 10 de abril de 2005

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NOVA ECONOMIA

SP e PR têm 2/3 das empresas; brasileiros preparam jogos para consoles líderes de mercado, como Nintendo e Playstation

País já tem 60 desenvolvedoras de games

PAULA LEITE
DA REDAÇÃO

O primeiro balanço do setor de games no Brasil, feito pela Abragames (Associação Brasileira de Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos), obtido pela Folha, mostra que o país tem 60 empresas desenvolvedoras espalhadas pelo país, com faturamento total de R$ 18 milhões ao ano. Se forem incluídas as outras etapas, como publicação, distribuição, embalagem e marketing dos jogos, o mercado pode chegar a R$ 100 milhões, estima a Abragames.
O número ainda é pequeno, se comparado ao mercado de games dos Estados Unidos, por exemplo, que movimenta US$ 7,3 bilhões (cerca de R$ 19 bilhões), segundo a Entertainment Software Association. No Reino Unido, o setor tem faturamento total de 1,3 bilhão de libras (R$ 6,4 bilhões), de acordo com dados da Entertainment and Leisure Software Publishers Association.
As empresas brasileiras fazem um pouco de tudo: jogos para celular, palmtop, computador (tanto na internet como em CD-ROM), jogos para treinamento em empresas e para publicidade.
Agora, há até empresas trabalhando para fazer jogos para consoles, como XBox, Nintendo DS, Game Cube e Playstation 2, mas ainda não há jogos lançados, segundo Scylla Costa, vice-presidente da Abragames.
Há jogos para Nintendo DS e XBox com lançamento previsto para este ano. A empresa MadGam, do Rio de Janeiro, prepara um game para Nintendo DS "estrelando" jogadores de futebol brasileiros conhecidos internacionalmente, segundo Guilherme Rafare, presidente da empresa.
"Foi uma surpresa vermos que existem várias empresas trabalhando com console aqui no Brasil, já que nenhum deles é lançado aqui oficialmente", diz Costa. Por isso, o país também não é considerado um mercado desenvolvedor pelas fabricantes de console.
As empresas não lançam os consoles aqui por causa da pirataria dos jogos. As fabricantes dos aparelhos geralmente não lucram com a venda deles, e sim com a venda do software.
Além disso, diz Costa, os jogos para console são mais complexos e demandam mais investimento e tempo, o que mostra que as empresas que estão trabalhando neles estão maduras e têm faturamento bom.
A pesquisa da Abragames foi feita entre fevereiro e março deste ano e foi a primeira a mapear o mercado brasileiro de desenvolvedoras. Ela mostra que está aumentando o número de empresas com faturamento maior (entre R$ 480 mil e R$ 1,9 milhão por ano), enquanto o número de empresas com faturamento pequeno (até R$ 240 mil) fica estável, mostrando que novas empresas continuam surgindo e ocupando o espaço deixado pelas que crescem.
A maioria das empresas fica no Paraná e em São Paulo, Estados que concentram quase dois terços das empresas. Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraíba e Sergipe também têm desenvolvedoras.
Está crescendo também o mercado de advergames (jogos para publicidade, que você joga no site da empresa, por exemplo) e business games (para treinamentos).
Os advergames são usados pelas agências de publicidade para, além de promover o produto, fidelizar o cliente e até mesmo pesquisar seus gostos.
"Há muitas empresas trabalhando com esse tipo de jogo porque ele geralmente é em Flash [mais simples] e tem prazo curto [de 1 semana a 2 meses]", diz Costa. "Mas ainda há muito e muito mercado, são poucas agências de publicidade que usam os advergames", diz Costa.
A Locz já fez cerca de 150 advergames para empresas como Coca-Cola, Petrobras e MasterCard, segundo Carlos Estigarribia, diretor da empresa. "Já fizemos jogos em CD-ROM, mas, hoje em dia, esse tipo de jogo só vende se for um "supertítulo'", associado a uma marca ou franquia, como um filme de sucesso, por exemplo, diz Estigarribia.
A vantagem do advergame, diz Estigarribia, é que o jogo não exige investimento da empresa e tem retorno rápido. Os projetos próprios, diz ele, demoram muito para se pagar. Apesar disso, ele afirma que é um objetivo da empresa fazer títulos próprios e jogos para console.

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