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LEÃO ARMADO
Auditores comparecem a eventos, vêem programas e consultam a internet em busca de indícios de sonegação
Receita já fiscaliza leilões de arte e na TV
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Auditores fiscais da Receita Federal estão freqüentando, como
parte do seu trabalho, leilões de
obras de arte. E não é só. Lances
milionários em pregões de gado e
outros animais -ao vivo, pela televisão ou pela internet- também vêm sendo acompanhados
atentamente por equipes especializadas do fisco.
Segundo o secretário-adjunto
da Receita Paulo Ricardo de Souza, o que tecnicamente é chamado
de "coleta de informações incidentais" faz parte do processo de
investigação conduzido pela área
de inteligência do fisco, cujo objetivo é monitorar operações fora
da normalidade.
"Em um determinado leilão de
obras de arte, por exemplo, correm muitos recursos e nem sempre eles fazem parte das declarações de renda das pessoas que ali
estão", diz Paulo Ricardo.
Ele acrescenta que os auditores
da Receita participam disfarçadamente dos leilões para apurar
eventuais irregularidades. Nos leilões de animais, o campo de atuação da Receita inclui os pregões
eletrônicos. "Nesses leilões giram
muitas riquezas."
Notícias veiculadas em colunas
sociais também merecem atenção
especial do fisco. Às vezes, uma
simples nota de poucas linhas pode indicar um grande negócio
(em termos de valores). Esse dado
será, posteriormente, confrontado com a declaração de renda do
contribuinte para verificar se há
indícios de sonegação fiscal.
Faltam fiscais
A equipe de fiscalização da Receita Federal hoje dispõe de 2.400
auditores fiscais, mas pelo menos
400 não estão na linha de frente
das investigações, porque ocupam cargos de chefia.
Na avaliação de Paulo Ricardo,
o número de fiscais precisaria dobrar para atender somente a parte
de tributos internos -sem contar
outras áreas, como as aduanas.
"Temos pedido ao Ministério
do Planejamento, e há o compromisso de que novos concursos serão abertos. Não adianta também
fazer concurso para um grande
número de fiscais de uma vez só,
pois é preciso haver treinamento
e qualificação", disse.
O secretário-adjunto ressalta
que a tecnologia tem jogado a favor do fisco. Hoje, um fiscal que é
destacado para uma operação em
uma empresa já sabe exatamente
o que procurar. "Há 20 anos, o fiscal saía da Receita só sabendo o
endereço da empresa. Agora, ele
já tem todas as informações da
empresa em mãos."
Paulo Ricardo explicou ainda
que, depois de terminada a fiscalização e se for constatada irregularidade, o contribuinte tem um
prazo para se justificar. Caso os
argumentos não sejam convincentes, é lavrado um auto de infração. O infrator pode pagar o
valor do crédito tributário, parcelá-lo ou impugná-lo.
No caso de recurso, havendo
julgamento desfavorável ao contribuinte, ele é obrigado a pagar o
que deve, sob pena de ser executado judicialmente. "Se ficar caracterizada fraude, além da cobrança
dos tributos, é feita uma representação fiscal ao Ministério Público
para fins penais", concluiu. (JS)
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