São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2001

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BCE terá 3 grandes entraves em 2001

DE LONDRES

Pode-se pensar que os dois maiores obstáculos que, no último ano, impediam o Banco Central Europeu de manter a estabilidade dos preços na eurozona estão praticamente vencidos -a alta do preço do petróleo e a queda da moeda única.
Mas o BCE terá pelo menos três grandes dificuldades pela frente para conseguir desempenhar sua função a contento, diz a respeitada revista britânica "The Economist", em sua edição que circula nesta semana.
A dificuldade mais imediata: o BCE ainda não aprendeu a se comunicar com o mercado, afirma a "Economist". Ou, de outra maneira, os investidores entendem bem menos o que diz o BC da Europa do que o Federal Reserve, dos EUA.
O próprio Wim Duisenberg, presidente do BCE, ajudou a aumentar a confusão no ano passado com declarações infelizes à imprensa -no auge da crise, várias delas fizeram o euro recuar ainda mais.
Os comentários quase tiraram o cargo de Duisenberg. Em novembro, o deputado francês Francois Loncle, presidente da Comissão de Relações Externas da Câmara dos Deputados da França, exigiu a demissão de Duisenberg alegando que "cada vez que ele abre a boca, o euro se desvaloriza".
"Será isso incompetência, irresponsabilidade, estupidez ou as três coisas juntas?", perguntou. Duisenberg, porém, continuou em seu posto.
A divisão de responsabilidades entre o BCE e os bancos centrais nacionais precisa ser reformulada, afirma a revista. Desde o lançamento do euro, em janeiro de 99, a política monetária é conduzida pelo BCE, sediado em Frankfurt. Os demais BCs continuam, porém, a desempenhar tarefas fundamentais, como a de supervisão bancária. A revista recomenda maior centralização.
A terceira dificuldade apontada pela revista será a entrada de países da Europa Central e do Leste da Europa na eurozona. Ainda vai demorar alguns anos, mas o debate já começou, diz a revista. Países com mais dificuldade de controlar a inflação podem aumentar o risco de instabilidade dos preços no bloco europeu, adverte a "Economist". (JAg)



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