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PRAIA GRANDE
Portadores de deficiência mental ocupam horário de emissora às terças; auto-estima melhorou, diz professor
Alunos especiais fazem programa de rádio
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRAIA GRANDE
Doze alunos portadores de deficiência mental com idades entre
17 e 40 anos são os responsáveis
por um programa de rádio que
começa a conquistar audiência na
Praia Grande (litoral paulista).
Orientados pelo professor Edmilson Ferreira, 35, há dois meses
eles colocam no ar, todas as terças-feiras, entre 8h30 e 9h30, o
programa "Rádio Trovão", referência ao nome da escola municipal de educação especial Anahy
Navarro Trovão.
O horário é cedido pela rádio
comunitária 99 FM (frequência
99,9 mhz), que funciona com autorização da Justiça Federal, concedida à Associação Comunitária
Sol e Mar de Praia Grande.
Com 50 watts de potência, o sinal da emissora alcança Praia
Grande e alguns bairros da cidade
vizinha de São Vicente, segundo o
comerciante e diretor da rádio
Marciano Rodrigues Gomes.
Todos os programas da emissora são resultado da colaboração
de voluntários, entre os quais comerciantes, radialistas, técnicos
de som e profissionais liberais. A
emissora não tem fins lucrativos.
O principal resultado do programa "Rádio Trovão" é o efeito
positivo que produziu na auto-estima dos alunos, de acordo com o
professor Ferreira e a diretora da
escola, Maria Aparecida Rodrigues Silveira dos Santos. "Alguns,
mais fechados, passaram a ficar
mais soltos, comunicativos", afirmou a diretora.
"Procuramos, dentro da limitação do aluno, o potencial dele.
Muitos têm leitura e escrita rudimentar, mas estão descobrindo
outros talentos que podem desenvolver. Com isso, se sentem úteis e
prestam um serviço à sociedade",
disse Ferreira.
O programa tem a participação
de ouvintes pelo telefone, apresenta música, notícias, entrevistas
e uma radionovela, "A Terra Não
é Nostra", paródia da novela da
Rede Globo protagonizada pelos
próprios estudantes.
"Muita gente que escuta o programa não sabia que era feito por
alunos especiais. Achavam que
era coisa de radialistas que se
reuniam para fazer algo do tipo
"Café com Bobagem" (grupo profissional de humoristas)", afirmou Marciano Gomes.
Os alunos integram a oficina
pedagógica da escola, que envolve estudantes com mais de 14
anos e da qual a rádio é um dos
projetos. Há outros, como pintura em camisetas e em gesso, reciclagem de latas e cultivo de horta.
O roteiro do programa é preparado no dia anterior a partir de
uma discussão com o professor.
"Sinto-me emocionado. Rezo
para a terça-feira chegar e eu vir
para cá. Estou realizando um sonho que tenho desde pequeno,
de ser locutor", disse o aluno
Washington da Costa, 23.
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