São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


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GREVE NA EDUCAÇÃO

Diretores promovem atividades extracurriculares para tentar manter estudantes fora das ruas

Futebol e música mantêm alunos na escola

DA REPORTAGEM LOCAL

Para evitar que os alunos fiquem nas ruas durante a greve, diretores da algumas escolas da periferia procuram solução nas atividades extracurriculares.
A alternativa mais comum é a abertura das quadras para que os estudantes joguem futebol.
Na escola Carlos Ayres, no Grajaú (zona sul), além de permitir o uso das três quadras, a direção mantém durante a greve dos professores os ensaios de uma fanfarra, quando os alunos tocam instrumentos musicais.
O problema da atividade é a limitação: apenas 50 dos 2.500 alunos podem participar.
Na última sexta-feira, Natalia Santana, 13, aluna da 7� série, esteve na fanfarra pela manhã, mas, por volta das 15h, permanecia na escola. "Prefiro ter aula do que ficar de férias. Assim, fico livre das brigas dentro de casa."
Sua irmã, Gabriela Santana, 12, aluna da 6� série, tinha outro motivo para reivindicar a volta dos professores. "Quando não tenho aula, fico sem ver o menino que eu gosto", afirma.
O estudante Anderson Silva, 13, da 6� série, era outro que aproveitava a fanfarra para ficar mais tempo na escola.
"Aqui no bairro não tem quase nada para fazer. Isso é uma diversão", afirmou.

Pátio
Na escola Laerte Ramos de Carvalho, em Cidade Dutra (zona sul), a ordem da vice-diretora Maria Gorete Matheus é manter os alunos na escola, mesmo que não haja aula.
"Se não tiver professores suficientes, eles ficam no pátio, na sala de vídeo. Fazemos de tudo para não dispensar. A gente se preocupa com o que eles vão fazer se não estiverem na escola."
Na escola Professor Vieira de Moraes, no mesmo bairro, o pátio também é a atração dos alunos. Douglas Lopes, 12, da 6� série, brincava com os colegas de classe na última sexta-feira à tarde. "Prefiro ficar aqui, mesmo sem aula, do que mofando dentro de casa."
Na escola Beatriz Lopes, em Cidade Dutra (zona sul), enquanto os professores estavam parados, oito alunos do ensino médio se reuniam na biblioteca, na última sexta-feira, para dar continuidade a um projeto.
"Eles estão reformando, reorganizando a biblioteca", afirmou a vice-diretora Maria Alice Sanches do Prado.
"E tem uma professora que ajuda eles nesse trabalho. Essa ação voluntária não pára nunca", disse Maria Alice.
(ALENCAR IZIDORO)



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