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SAÚDE
Órgão pede fim do atendimento diferenciado
HC é acionado pelo Ministério Público
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
O Ministério Público de São
Paulo entrou ontem com uma
ação civil pública para acabar
com o atendimento diferenciado
pelo Hospital das Clínicas de São
Paulo de pacientes do SUS e de
particulares ou conveniados. A
ação exclui o Incor (Instituto do
Coração), um dos cinco institutos
do HC.
Se for julgada procedente, a medida pode afugentar do hospital
os pacientes pagantes ou que possuem convênios médicos. Os recursos provenientes desses pacientes somaram, em 98, R$ 12,5
milhões, o correspondente a 3%
da verba arrecadada para o hospital -sem contar pacientes não-SUS do Incor.
A ação é decorrente de um inquérito aberto em março pelo Ministério Público para apurar denúncias sobre o que vem sendo
chamado de "apartheid" no atendimento à saúde em hospitais
universitários.
Desde então, o processo reuniu
depoimentos de usuários do Sistema Único de Saúde que reclamam da demora de seis meses a
um ano para marcar consultas,
para receber laudos de exames e
dificuldades para conseguir vagas, entre outras queixas.
Segundo o inquérito, pacientes
particulares ou que possuem convênios médicos não permanecem
em fila e são atendidos prontamente. Além disso, usufruem de
uma hotelaria diferenciada, com
direito a quartos particulares.
De acordo com o promotor Vidal Serrano Júnior, um dos cinco
autores da ação, houve uma série
de tentativas de negociação com o
HC. "Mas as propostas apresentadas apenas maquiavam os privilégios de atendimentos para pacientes não-SUS", diz.
O Ministério Público entende
que essa diferenciação fere a
Constituição no que se refere ao
princípio de igualdade e no direito de acesso universal à saúde.
O Incor foi excluído da ação
porque, nesse instituto, isoladamente, os recursos vindos de conveniados e particulares representam mais da metade da verba captada pela Fundação Zerbini, entidade privada que administra o Incor -R$ 51,2 milhões dos R$ 90,7
milhões recebidos pelo Incor em
98 eram de pacientes não-SUS.
"O Incor faz parte de outro processo que estamos estudando.
Precisamos fazer um estudo
aprofundado do impacto financeiro e um planejamento racional
de substituição de verbas."
No restante do HC, o Ministério
Público entende que a a verba arrecadada com o atendimento a
particulares e conveniados é pouco expressiva e não justifica os
privilégios. Essa posição causou
polêmica (leia texto abaixo).
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