São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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CRISE NOS TRANSPORTES
Perueiros iniciam campanha para aprovar projeto logo; motoristas articulam adiamento
Adversários pressionam vereadores

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Motoristas de ônibus e perueiros de São Paulo iniciaram ontem um corpo-a-corpo com vereadores para ganhar votos nos projetos relativos às duas categorias que tramitam na Câmara.
Ontem, no Sindlotação, sindicato que reúne as principais lideranças da categoria, os perueiros exibiam uma lista com nomes e telefones de todos os vereadores paulistanos e afirmavam já estar telefonando para todos os gabinetes em busca de apoio.
"Vamos passar o dia inteiro na Câmara, de gabinete em gabinete. Vamos olhar nos olhos de cada vereador e ver quem nos apóia realmente", declarou o presidente do Sindlotação, José Célio dos Santos.
Já no Sindicato dos Motoristas, que hoje representa 45 mil motoristas e cobradores, o corpo-a-corpo tem dois objetivos.
O primeiro é adiar a regularização das peruas. O segundo, obter a aprovação do projeto que garante o emprego dos cobradores nas empresas que adotaram as catracas eletrônicas.
"Não somos contra a liberação das peruas, desde que se combata o perueiro que ficar de fora do sistema", disse Alcides Araújo dos Santos, o Amazonas, secretário-geral do sindicato dos motoristas.
Segundo Amazonas, o adiamento da votação é necessário para que seja discutido não só o projeto de legalização, mas toda a questão do transporte.
Mas o outro lado, o dos perueiros, quer evitar discussões demoradas e lutar pela aprovação rápida do projeto em primeira votação. "Não tenho nada contra as discussões, mas as emendas podem ser acrescentadas ao projeto após a primeira votação. Eles não precisam enrolar agora", diz o presidente do Sindlotação, José Célio dos Santos.
Para os perueiros, a pressão sobre os vereadores é necessária porque os parlamentares são alvo de um forte lobby das empresas de ônibus. "Os empresários não se preocupam em melhorar o serviço deles e só pensam em como acabar com a gente", disse Santos.

Manifestações
Oficialmente, os líderes das duas categorias negam que vão realizar grandes manifestações em frente à Câmara, na terça-feira, para quando está prevista a votação, mas protestos de ambos os lados estão sendo articulados.
Ao serem perguntados sobre os planos, Célio e os outros líderes dos perueiros reunidos respondem com um sorriso coletivo, seguido de silêncio.
Motoristas, por sua vez, afirmam que na segunda-feira já estarão protestando, caso o secretário dos Transportes, Getúlio Hanashiro, não cumpra o compromisso de reforçar a fiscalização contra os perueiros clandestinos.
A proposta de Hanashiro, que prevê a participação da Guarda Civil e da CET na fiscalização, foi a garantia para os motoristas suspenderem o protesto em frente à prefeitura, que acabou anteontem, após três dias.
Entretanto, tanto perueiros, quanto motoristas e cobradores, não adiantam informações sobre tamanho, horários e locais de suas manifestações.



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