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VIOLÊNCIA
Veranistas propõem "boicote" ao Guarujá
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Paulistanos proprietários de
imóveis no Guarujá (SP) desencadearam um movimento informal
de boicote ao turismo na cidade,
em protesto contra a onda de assaltos que no último domingo resultou no assassinato do chileno
Waldo Arturo Ugalde Erazo, 51,
na praia da Enseada.
O objetivo é "esvaziar" a cidade
no final de semana de 4 e 5 de outubro, a fim de pressionar as autoridades a conter a violência.
A estratégia consiste numa
"corrente" -cada um liga para
outros dois donos de casas ou
apartamentos de veraneio na cidade a fim de convencê-los a não
viajar para o Guarujá nessa data.
Até ontem, a "corrente" já envolvia cerca de 300 pessoas em
São Paulo, segundo contabilizou
o organizador do movimento, o
empresário Nicolau Amaral, proprietário de um apartamento no
morro do Maluf e que já teve uma
corrente de ouro levada por dois
adolescentes armados, na praia
das Pitangueiras.
"Eles moram em São Paulo e
querem deixar de vir para o Guarujá por causa de assalto? Deveriam então mudar de país. Quando vou a São Paulo, fico com mais
medo do que quando ando no
Guarujá", reagiu o prefeito Maurici Mariano (PTB). Ele já teve a
casa invadida e o relógio roubado
por um garoto na Enseada.
"Esses casos ocorrem todas as
semanas. Todos os meus conhecidos já foram assaltados. Mas os
comerciantes fazem pressão contra a divulgação para não afugentar os turistas da cidade", afirmou
Nicolau Amaral.
O presidente da Associação Comercial do Guarujá, Rogério
Sachs, nega que o comércio tente
"esconder" a violência como forma de evitar a fuga de turistas.
"Esse tipo de mídia nunca é positiva, mas Guarujá não tem motivo para esconder porque o problema de segurança é nacional. Só
que, no caso do chileno, o menor
que atirou foi preso várias vezes, e
a Justiça não o colocou onde ele
deveria estar", afirmou.
Dona de um apartamento na
Enseada, a jornalista Beatriz Barros, 51, decidiu aderir à "corrente". Há um ano, quando caminhava no calçadão da praia, foi ameaçada por um homem com um facão, que levou uma corrente de
ouro e o celular de uma amiga.
No início deste ano, dois meninos, um deles supostamente armado, exigiram que entregasse a
bolsa. "Não sei mais se devo sair
sem dinheiro ou se levo R$ 50 para colaborar com o ladrão", disse.
O capitão José Messina Filho,
oficial de Operações do 21� Batalhão da Polícia Militar, com sede
no Guarujá, afirmou que, antes da
temporada de verão, entrará em
funcionamento a terceira companhia da PM na cidade.
Com 120 homens -atualmente, o efetivo total na cidade é de
350-, a companhia ocupará uma
casa a ser alugada pela prefeitura
na região da Enseada e, além do
bairro, também será responsável
pelo policiamento nas regiões das
praias do Perequê e Pernambuco.
O adolescente de 15 anos acusado de ter atirado contra o chileno
continuava foragido. Policiais civis capturaram ontem outro menor, que teria confessado a autoria de 16 assaltos cometidos neste
mês em parceria com o foragido.
Segundo o capitão Messina, cerca de 50% dos roubos na cidade
são cometidos por menores.
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