São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2008

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Educadores criticam criação rápida de mais vagas em creches municipais

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Educadores ouvidos pela Folha dizem que dificilmente a Secretaria Municipal de Educação terá capacidade para fiscalizar as 250 novas creches que pretende construir em um ano. No total, os novos prédios disponibilizarão 40 mil vagas.
"Não há gente suficiente para supervisionar o trabalho nas creches. A prefeitura acaba não se responsabilizando por essas instituições", diz a professora da Faculdade de Educação da USP Maria Letícia Nascimento.
A secretaria diz que realizou um concurso para contratar mais cem supervisores de ensino para a fiscalização -metade deles já começou a trabalhar.
A maior parte das vagas criadas será administrada por meio de convênios com organizações não-governamentais, de acordo com o secretário de Educação, Alexandre Alves Schneider. Hoje, mais de 60% das vagas já são operadas por ONGs.
O trabalho prestado pelas entidades tem que ser fiscalizado por supervisores de ensino, que também são responsáveis por verificar, nas creches administradas diretamente pela prefeitura, se o projeto pedagógico está sendo implantado.
Segundo a secretaria, antes do concurso, 236 supervisores eram responsáveis pela fiscalização de 1.188 unidades -média de um para cinco creches.
"Hoje já não tem fiscalização, não tem norma, não tem exigência, não tem supervisão que funcione", diz a também professora da Faculdade de Educação da USP Tizuko Kishimoto.
Para a pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Maria Malta Campos, uma forma de contornar o problema é criar um padrão pedagógico para as ONGs. "Precisa ver qual o padrão mínimo que deve ser garantido para esse atendimento. A gente fica preocupada quando ouve que vão ser criadas não sei quantas mil vagas e não se sabe como", diz. "Teria que haver uma pesquisa bem feita, com instrumentos bem planejados para avaliar a qualidade do atendimento."

Parceria
Para ampliar as vagas nas creches públicas, a solução encontrada pela prefeitura foi fazer parcerias público-privadas.
Por esse modelo, as empresas -que podem ser de qualquer área, como construtoras e bancos, por exemplo- construirão as unidades e farão a manutenção dos prédios por 20 anos. No entanto, elas não serão responsáveis pela parte pedagógica, que ficará a cargo das ONGs ou da prefeitura.
Cada nova creche deverá custar, em média, R$ 1,7 milhão. O investimento feito pelas empresas será pago mensalmente pela prefeitura, que, depois dos 20 anos, receberá os prédios. (TALITA BEDINELLI)


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