São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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VESTIBULAR
Exame começa às 13h30; maioria dos inscritos é proveniente de escolas particulares e não trabalha
Elite faz primeira prova da Fuvest hoje

CLAUDIA ASAZU
da Reportagem Local

É filho de pais que têm pelo menos nível universitário incompleto, não trabalha, estudou somente em escolas particulares, fez cursinho e tem acesso à Internet.
Essa é a descrição da maioria dos 149.244 inscritos no vestibular da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) neste ano, revelado pela avaliação socioeconômica feita pela fundação.
O candidato que enfrenta hoje a primeira fase do vestibular mais concorrido do país se encaixa no perfil do típico aluno de classe média: não precisa trabalhar para se sustentar -68,75% dos candidatos não exercem atividade remunerada- e depende, portanto, de auxílio familiar para manter seus estudos.
No entanto, de acordo com José Atílio Vanin, vice-diretor da Fuvest, o perfil deixou de ser tão elitista nos quatro últimos anos, depois da mudança da estrutura do vestibular. Até 95, o índice de aprovados no exame sem ter estudado em cursinhos era de apenas 25%. Hoje, esse índice é de 38,7%.
"O exame da Fuvest deixou de lado a decoreba e passou a priorizar a capacidade de raciocínio e a criatividade, o que favorece os candidatos com menos condições financeiras", disse Vanin.
O vestibulando também está procurando carreiras alternativas e fugindo das tradicionalmente concorridas como medicina, direito e engenharia. Um exemplo é fisioterapia, a carreira mais disputada na Fuvest deste ano, com 92,68 candidatos para cada uma das 25 vagas. A concorrência mais do que dobrou -em 98, era de 46,06 candidatos por vaga.
Em parte, a grande concorrência se deve ao pequeno número de vagas, o que também acontece com cursos como turismo (63,76), publicidade e propaganda (62,08) e jornalismo (51,96).
No entanto, a possibilidade de fazer um curso "similar" ao de medicina sem ter de enfrentar as dificuldades que um candidato a médico tem de passar é o que mais atrai os candidatos.
"O curso de ciências biológicas também surpreendeu pelo aumento do número de inscritos", disse Vanin. A relação candidato/vaga no curso passou de 15,01 no ano passado para 21,78 neste ano, um salto de 45% em um ano.
Outra grande surpresa foi o curso de engenharia. No ano passado 9.000 candidatos procuraram pelo curso. Neste ano esse número saltou para 12 mil.
"Infelizmente. O estudante brasileiro é ultrapassado, não se deu conta da importância de cursos como matemática, física e química e continua buscando cursos técnicos como engenharia."
Parte disso se explica pelo espaço que a Internet e a informática ganharam nos últimos anos, mesmo entre os vestibulandos.


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