São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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Malufismo vive a crise do vazio

JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local

O malufismo, que incomoda tanto Nicéa Pitta, já não tem mais a força do tempo em que conseguiu eleger o quase desconhecido Celso Pitta.
Dias antes do acidente rodoviário que o matou, em 16 de outubro, Calim Eid fez a Paulo Maluf maus prognósticos sobre o que o aguardava.
Candidatando-se no ano que vem a prefeito de São Paulo, estaria em maus lençóis até mesmo em caso de vitória. Não teria como recuperar a curto prazo as finanças municipais e estaria sem cacife para dar o salto que por enquanto ambiciona: o de disputar, em 2002, a sucessão de Covas.
Calim Eid costumava falar curto e grosso com o amigo a quem dera em 40 anos sucessivas provas de lealdade. Sua morte deixou no malufismo um delicado vazio. Mas não foi a única baixa que o grupo sofreu. Nunca estiveram tão desmotivados os poucos que por três décadas pertenceram ao núcleo malufista de decisão.
Um deles é Reynaldo de Barros. "A minha utilidade para você acabou", disse ele a Maluf há dois anos. Como secretário de Obras na administração do próprio Maluf e no início da de Celso Pitta, uma de suas atribuições era a de contratar obras sem dinheiro em caixa, contra a promessa de pagamentos futuros que hoje não são mais feitos. Diabético, Reynaldão movimenta-se sem o mesmo pique em favor do velho amigo.
Edevaldo Alves da Silva (Rádio Capital, FMU) não mantém com Maluf relações com a antiga temperatura. Está com problemas pessoais -uma doença em família- e um desconforto. Deram-lhe garantias de que a adesão de Francisco Rossi (ex- PDT) a Maluf, entre os dois turnos da eleição de 1998, seria uma cartada certeira. Ele se empenhou, e muito. Mas foi um dos desastres estratégicos naquela reta final de campanha.
Transferiu para o escritório de um outro advogado de sua confiança, Ricardo Tosto, as causas do ex-prefeito que antes procurava orientar pessoalmente.
Há ainda o empresário Jorge Yunes, hoje bem mais amigo do prefeito Celso Pitta. Continua a se dar bem com Maluf, mas com a sombra de uma mágoa recente. Yunes negociava a candidatura a senador que concorreria no ano passado pela coligação malufista. Fechou acordo com Antônio Cabrera (PFL) e ficou com a primeira suplência. Soube depois que pelas suas costas uma nova costura o derrubara para a terceira suplência ao Senado.
Não gostou. A candidatura Cabrera foi a pique. Maluf a substituiu pela do jogador de basquete Oscar Schmidt. Deu no que deu.
Formalmente, o bloco malufista emagreceu por conta do pessimismo que envolve seu futuro político. Em Brasília, a bancada paulista do PPB diminuiu de dez para seis deputados.
Mas Maluf mantém em sua agenda um dinamismo jovial. Esteve há uma semana em Maringá (PR). Passou a semana anterior em Brasília.
Recebe em seu escritório todos os que o procuram e continua a encomendar pesquisas de intenção de voto.


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