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Malufismo vive a crise do vazio
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
O malufismo, que incomoda
tanto Nicéa Pitta, já não tem mais
a força do tempo em que conseguiu eleger o quase desconhecido
Celso Pitta.
Dias antes do acidente rodoviário que o matou, em 16 de outubro, Calim Eid fez a Paulo Maluf
maus prognósticos sobre o que o
aguardava.
Candidatando-se no ano que
vem a prefeito de São Paulo, estaria em maus lençóis até mesmo
em caso de vitória. Não teria como recuperar a curto prazo as finanças municipais e estaria sem
cacife para dar o salto que por enquanto ambiciona: o de disputar,
em 2002, a sucessão de Covas.
Calim Eid costumava falar curto
e grosso com o amigo a quem dera em 40 anos sucessivas provas
de lealdade. Sua morte deixou no
malufismo um delicado vazio.
Mas não foi a única baixa que o
grupo sofreu. Nunca estiveram
tão desmotivados os poucos que
por três décadas pertenceram ao
núcleo malufista de decisão.
Um deles é Reynaldo de Barros.
"A minha utilidade para você acabou", disse ele a Maluf há dois
anos. Como secretário de Obras
na administração do próprio Maluf e no início da de Celso Pitta,
uma de suas atribuições era a de
contratar obras sem dinheiro em
caixa, contra a promessa de pagamentos futuros que hoje não são
mais feitos. Diabético, Reynaldão
movimenta-se sem o mesmo pique em favor do velho amigo.
Edevaldo Alves da Silva (Rádio
Capital, FMU) não mantém com
Maluf relações com a antiga temperatura. Está com problemas
pessoais -uma doença em família- e um desconforto. Deram-lhe garantias de que a adesão de
Francisco Rossi (ex- PDT) a Maluf, entre os dois turnos da eleição
de 1998, seria uma cartada certeira. Ele se empenhou, e muito. Mas
foi um dos desastres estratégicos
naquela reta final de campanha.
Transferiu para o escritório de
um outro advogado de sua confiança, Ricardo Tosto, as causas
do ex-prefeito que antes procurava orientar pessoalmente.
Há ainda o empresário Jorge
Yunes, hoje bem mais amigo do
prefeito Celso Pitta. Continua a se
dar bem com Maluf, mas com a
sombra de uma mágoa recente.
Yunes negociava a candidatura a
senador que concorreria no ano
passado pela coligação malufista.
Fechou acordo com Antônio Cabrera (PFL) e ficou com a primeira suplência. Soube depois que
pelas suas costas uma nova costura o derrubara para a terceira suplência ao Senado.
Não gostou. A candidatura Cabrera foi a pique. Maluf a substituiu pela do jogador de basquete
Oscar Schmidt. Deu no que deu.
Formalmente, o bloco malufista
emagreceu por conta do pessimismo que envolve seu futuro
político. Em Brasília, a bancada
paulista do PPB diminuiu de dez
para seis deputados.
Mas Maluf mantém em sua
agenda um dinamismo jovial. Esteve há uma semana em Maringá
(PR). Passou a semana anterior
em Brasília.
Recebe em seu escritório todos
os que o procuram e continua a
encomendar pesquisas de intenção de voto.
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