São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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O REENCONTRO
"Preciso sentir que você está perto de mim"

da Reportagem Local

Intermediado pelo empresário Jorge Yunes, o encontro do casal, na terça, durou cinco horas. A seguir, o relato de Nicéa Pitta.

Folha - Foi feita a reconciliação ou ela está sendo feita? Nicéa Pitta - Foi. Ele me fez sentar no colo dele. Já estava preparada para uma nova vida. Estava procurando trabalho em um restaurante de Nova York.

Folha - E como foi o reencontro? O que Pitta disse sobre as suas últimas declarações? Nicéa - Foi em um café da manhã na casa do Jorge Yunes. Cheguei com o sr. João (motorista). O Jorge me levou para a sala onde há um acervo de arte sacra. O Celso já estava sentado lá. Meu coração disparava. Era o meu marido, abatido, triste.

Folha - Abraçaram-se? Nicéa - Houve um bom-dia. Ele ficou com aquele ar sério, não sorriu. Aí o Jorge Yunes falou: "Olha, vocês vão me dar uma alegria hoje".

Folha - Mas a senhora sabia que ia haver uma reconciliação ou dependeria da conversa? Nicéa - Eu sentia que poderia haver uma reconciliação porque eu estava vendo o Jorge Yunes numa ansiedade... Eram três horas da manhã, e ele estava ligando para mim para dizer: "Você não acha melhor vir à noite que é mais seguro? Venha".

Folha - Vocês conversaram sobre as suas declarações? Nicéa - Não, foi uma coisa das nossas vidas. Era um assunto tão mais acima. Ele falou: "Olha, se você lembrar que isso tudo vai passar, e a gente continua. Porque, além do amor que eu tenho por você, tenho uma admiração enorme". O Yunes escutando, as lágrimas descendo, e a mulher dele, coitada, para não nos expor aos empregados, servia com a bandeja tremendo. De repente, ele chegou para mim e disse: "Nicéa, senta aqui (batendo com a mão na coxa). Preciso sentir que você está perto de mim". E o Jorge: "Vai, Nicéa, vai". Eu sentei, e ele chorava, chorava. Eu chorava também. A lente de contato dele até saiu. Nisso, o Jorge vai lá fora correndo e fala para o seu João: "Seu João, se Deus me levar agora, valeu a minha passagem pela vida".

Folha - Qual foi o argumento que o Jorge Yunes usou? Nicéa - Seus adversários estão pulando de felicidade.

Folha - Por que o Yunes? Nicéa - Ele é o único que nunca foi apresentado por nenhum político. Ele poderia ter "n" cargos públicos. Mas ele não aceita. É um homem realizado financeiramente, realizado com a mulher e com os filhos.

Folha - Vocês falaram da situação financeira da família? Nicéa - Não, o Jorge só perguntou por que eu não falei com ele antes de viajar. "Você sabe que eu sou amigo, do que precisarem, graças a Deus eu tenho." Falei: "Sou simples".

Folha - Falaram da necessidade de um novo empréstimo (Yunes diz ter emprestado R$ 600 mil ao casal, porque Pitta está com os bens bloqueados pelo Justiça)? Nicéa - Não, não. Porque foi muito difícil aceitar o empréstimo. Na minha vida eu nunca pedi. Hoje não seria, porque ele colocou a coisa de uma forma real. "Ora, um casal que está tendo um outro padrão, uma outra vida, na qual tem que receber pessoas, começa a ter mais gastos."

Folha - E quem tomou a iniciativa da primeira vez? Nicéa - O Jorge, lá em casa. "Pitta, a Nicéa não tem mais salário. O seu salário na prefeitura, não preciso dizer. Vocês tiveram a vida vasculhada, você é um cara seriíssimo, você precisa aceitar. Aliás, não quero lhe emprestar, quero fazer uma doação". O Celso: "De forma nenhuma. Podemos aceitar um empréstimo".

Folha - Então a sra. não descarta um novo empréstimo? Nicéa - Hoje não teria mais a sensação que tive antes.

Folha - Mas o Jorge Yunes é conhecido como malufista. Como a sra. explica que ele consiga dialogar com os dois lados? Nicéa - Ele faz críticas. Cansei de vê-lo na frente do Paulo Maluf: "Paulo, você não vai acertar fazendo isso que você está fazendo". (CT e SC)



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