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PESQUISA
Assistir televisão é o lazer de 50% da população da cidade, que queria ter mais tempo para se divertir
Paulistano gosta de ver TV, não avião
da Reportagem Local
Ao contrário da lenda, o passatempo preferido em São Paulo
não é ver avião decolar. Pelo menos não pessoalmente, no aeroporto. Lazer para o paulistano é
assistir TV ou vídeo instalado no
conforto (ou desconforto) do lar.
Ao menos é o que diz a metade
da população da cidade (com 16
anos ou mais) em resposta à pergunta "o que você faz com seu
tempo livre?". A segunda opção
de lazer caseiro mais citada -ler
jornais, revistas, livros- ficou
muito atrás, com 18% das respostas.
Quando consegue sair de casa,
as principais atividades do paulistano no seu tempo livre são visitar
parentes (16%) ou se reunir e conversar com amigos e vizinhos
(12%). A prática de esportes aparece em terceiro lugar e é um hábito de apenas 11% da população.
A pesquisa Datafolha vai além
dos clichês do tipo "praia de paulista é o rio Tietê" e explica por
que o lazer é o item que tem a pior
avaliação no índice sobre a qualidade de vida de uma cidade com
tantos problemas graves, como
violência e desemprego.
O paulistano se diverte muito
menos do que gostaria. Apenas
37% estão felizes com o tanto que
se divertem. Ou seja, a maioria
absoluta, 61%, está insatisfeita
com seu lazer. Em nenhuma outra área pesquisada os descontentes são uma fatia tão grande.
É por isso que a falta de lazer é o
fator mais negativo na avaliação
da qualidade de vida do paulistano: ela atinge a maioria dos cidadãos, de todas as classes sociais,
faixa etária, sexo e instrução.
Comparando-se o tempo dedicado ao ócio pelos moradores da
metrópole com o tempo que gostariam de desfrutar em atividade
recreativa, percebe-se que o déficit de lazer do paulistano é uma de
suas maiores frustrações.
Em média, ele dedicou 30 horas
e 8 minutos ao lazer em setembro.
Em outras palavras, cerca de uma
hora por dia. Entretanto, o tempo
que gostaria de usufruir se divertindo chegaria, numa média ideal,
a 52 horas e 35 minutos por mês,
ou 1 hora e 45 minutos/dia.
Quase metade da população,
46%, afirma que deixou de fazer,
em setembro, alguma atividade
de lazer que gostaria de ter feito.
Principalmente: viajar (30%), ir
ao teatro ou ao cinema (15%), ir a
parques (13%), praticar esportes
ou fazer ginástica (8%).
O motivo? Falta de dinheiro, em
46% dos casos, ou de tempo, para
outros 29% (que afirmam trabalhar o tempo todo). Mas há uma
diferença entre os dois grupos. No
primeiro, destacam-se os mais
pobres, das classes D e E. No dos
sem-tempo, os da classe A e B
apresentam percentuais maiores.
Seja por falta de alternativa,
tempo ou dinheiro, a carência de
diversão em São Paulo fica evidente até pelas respostas sobre o
que os entrevistados fizeram no
seu "tempo livre".
A terceira resposta mais comum foi "cuidar da casa (limpando, lavando roupa, cozinhando)".
Isto é: para 15% dos paulistanos,
essas tarefas não são trabalho,
mas "tempo livre".
Isso sem contar respostas semelhantes, como "cuidar de crianças
(filho, sobrinho, neto)" (5%) e
"fazer consertos em casa" (5%).
Houve muito mais respostas desse tipo do que de pessoas que declararam aproveitar o tempo
ocioso para usufruir da declamada oferta gastronômica da cidade
e ir a restaurantes e pizzarias: só
2%.
Mesmo a chamada oferta cultural ocupa uma fatia muito pequena da diversão dos paulistanos.
Somando-se todos os que disseram ter aproveitado o tempo livre
para ir ao cinema, teatro, show ou
museu chega-se a 7%, mesmo
percentual daqueles que afirmaram ter ido a bares.
(JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO)
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