São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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PESQUISA
Segurança foi o fator que registrou a maior oscilação; mês foi o mais violento da década na cidade
Vida de paulistano piora em setembro

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local

O aumento da violência foi o principal motivo que fez a qualidade de vida dos paulistanos piorar em setembro passado em comparação aos meses de maio e julho deste ano.
Essa é a principal conclusão da nova edição do Índice de Qualidade de Vida (IQV) para a cidade de São Paulo, elaborado a partir de pesquisa feita pelo Datafolha e de metodologia desenvolvida em conjunto pela Folha e o instituto.
Em setembro, o IQV foi de 5,3, numa escala que varia de 0 a 10. Com esse valor, a índice continua na faixa considerada de qualidade de vida insatisfatória (3,4 a 6,6). As outras faixas são péssimo (0 a 3,3) e satisfatório (6,7 a 10).
Nos meses anteriores, o IQV havia oscilado dentro da faixa de qualidade insatisfatória: 5,2 em março e 5,4 em maio e julho. A pesquisa é feita a cada dois meses.
A pequena queda verificada em setembro foi provocada pela violência. Dos dez fatores que compõem o IQV, a maior oscilação foi naquele que se refere à segurança. Ele caiu de 4,3 em julho para 3,8 em setembro.
O indicador de segurança é uma composição de itens da pesquisa Datafolha que medem o percentual de paulistanos que afirmam terem sido roubados, furtados ou sofrido algum outro tipo de violência no mês de referência.
Além disso, o indicador de segurança é o único que incorpora dados externos à pesquisa: os homicídios cometidos contra moradores da cidade de São Paulo, segundo estatísticas fornecidas pelo Pro-Aim (Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade), da Prefeitura de São Paulo.
Foi justamente o agravamento da violência refletido por esses dados que provocou a queda do índice de segurança: ocorreram 468 assassinatos na cidades em setembro, contra 452 em julho.
Na comparação com o mesmo mês em outros anos percebe-se que este foi o setembro mais violento da década na cidade. Em 1998, ano recorde de homicídios em São Paulo, 430 paulistanos foram assassinados. Houve um crescimento de 9% em 12 meses.
Talvez por isso e talvez por causa das revoltas de jovens na Febem, em setembro a segurança desbancou o trabalho e passou a liderar o ranking das questões mais importantes para a qualidade de vida na opinião dos paulistanos, com 20% de citações.
Outro fator que continua puxando para baixo o Índice de Qualidade de Vida na cidade é o lazer: com o fim das férias escolares, ele caiu de 3,2 para 2,8 e continua sendo o pior de todos os indicadores. Isso ocorre porque a maioria dos paulistanos está insatisfeita com o tempo e a qualidade de seus momentos de ócio (leia texto na pág. 3).
O trânsito, que vinha apresentando uma tendência de melhora nos últimos meses, regrediu de 6,7 para 6,4. Esse indicador é medido pelo tempo que os paulistanos avaliam ter perdido indo e voltando para o trabalho.
A piora em relação a julho também pode ser reflexo do fim das férias escolares, que faz aumentar o número de carros em circulação na cidade e torna o tráfego mais lento. Assim, o percentual de paulistanos que perde de uma a duas horas por dia no trânsito cresceu de 22% para 30% em setembro.


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