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GUERRA DOS MASCATES
Ambulantes usaram pedras e rojões no protesto; PM teve que interferir para livrar rapaz de pontapés
Camelôs fecham lojas e apanham da Guarda
DA REPORTAGEM LOCAL
O centro de São Paulo viveu ontem um novo dia de batalha entre
camelôs irregulares e GCM
(Guarda Civil Metropolitana).
Cinco pessoas foram detidas.
Houve tiros, mas ninguém ficou
ferido gravemente. A GCM cercou e bateu em vários manifestantes. Em um dos casos, a PM teve
de intervir quando um rapaz levava pontapés dos guardas.
Sem um ponto específico de
confronto, com a GCM correndo
de um lado para o outro nos calçadões, até pessoas que nada tinham a ver com os ambulantes,
como garotos que moram nas
ruas do centro, passaram a jogar
pedras nos guardas. Uma vidraça
da Galeria Olido foi quebrada
quando um grupo fazia aulas de
dança de salão do lado de dentro.
Além de pedras, os camelôs utilizaram rojões contra a GCM, que
enviou cerca de cem homens para
a praça da República e seus arredores. A PM contou com o mesmo efetivo, mas, ao contrário de
anteontem, não chegou a agir, já
que nenhuma via foi fechada.
Os camelôs passaram a realizar
protestos após a GCM ampliar o
horário de fiscalização na região
da República. Desde a semana
passada, os guardas vêm mantendo a fiscalização até as 21h -antes só era feita até as 19h.
Os ambulantes costumavam
ocupar a praça da República e as
ruas 24 de Maio, Barão de Itapetininga e Sete de Abril após as 18h,
quando as lojas fecham.
No embate de anteontem, cinco
guardas ficaram feridos -um
precisou passar por cirurgia por
causa de fratura no maxilar- e
três ambulantes foram detidos.
Guerrilha
O confronto de ontem ganhou
ares de guerrilha. A manifestação
começou por volta das 17h30 e
obrigou os comerciantes dos calçadões a fecharem suas portas.
Os homens da GCM, que permaneciam parados num mesmo
local, começaram a se movimentar. Num primeiro confronto, em
frente ao Teatro Municipal, partiram para cima dos manifestantes,
que fugiram. Num segundo, atrás
do teatro, tentaram cercar de novo o grupo de cerca de cem ambulantes, mas sem sucesso.
A partir daí, os camelôs se misturaram aos pedestres. Vez ou outra, atiravam rojões. Um deles
quase atingiu o comandante da
GCM, coronel Rubens Casado,
que ficou no local até o fim dos
embates, por volta das 21h30.
A cada rojão atirado, os guardas
corriam na direção das aglomerações de pessoas. Nos casos em que
conseguiam alcançar uma, chutavam e batiam com cassetetes.
Um rapaz que corria após o disparo de um rojão foi cercado pelos guardas. Levantou os braços,
mas apanhou do mesmo jeito.
Após alguns segundos, um policial militar entrou no meio dos
cerca de oito GCMs para que parassem de bater no rapaz.
Vendedor de churrasquinho
grego no largo do Paissandu,
Marconi Cavalcante mostrou,
após um confronto ocorrido próximo de sua barraca, um projétil
que, segundo ele, foi disparado de
onde estavam os guardas. "Isso
aqui é uma guerra", reclamou ele.
Contrabando
O subprefeito da Sé, Andrea
Matarazzo, afirmou ontem que a
fiscalização contra os ambulantes
na praça da República vai continuar. "Vão ter de entender que
não vão ficar. Essa turma é a distribuição do crime organizado, da
pirataria e da carga roubada. Não
dá para tolerar isso. É um problema policial, não social", disse.
Na região do conflito, há 1.200
ambulantes com TPU (termo de
Permissão de Uso). Os manifestantes, disse Matarazzo, estão irregulares. "Temos dado alternativas com os pop centros", afirmou.
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