São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

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GUERRA DOS MASCATES

Ambulantes usaram pedras e rojões no protesto; PM teve que interferir para livrar rapaz de pontapés

Camelôs fecham lojas e apanham da Guarda

DA REPORTAGEM LOCAL

O centro de São Paulo viveu ontem um novo dia de batalha entre camelôs irregulares e GCM (Guarda Civil Metropolitana). Cinco pessoas foram detidas. Houve tiros, mas ninguém ficou ferido gravemente. A GCM cercou e bateu em vários manifestantes. Em um dos casos, a PM teve de intervir quando um rapaz levava pontapés dos guardas.
Sem um ponto específico de confronto, com a GCM correndo de um lado para o outro nos calçadões, até pessoas que nada tinham a ver com os ambulantes, como garotos que moram nas ruas do centro, passaram a jogar pedras nos guardas. Uma vidraça da Galeria Olido foi quebrada quando um grupo fazia aulas de dança de salão do lado de dentro.
Além de pedras, os camelôs utilizaram rojões contra a GCM, que enviou cerca de cem homens para a praça da República e seus arredores. A PM contou com o mesmo efetivo, mas, ao contrário de anteontem, não chegou a agir, já que nenhuma via foi fechada.
Os camelôs passaram a realizar protestos após a GCM ampliar o horário de fiscalização na região da República. Desde a semana passada, os guardas vêm mantendo a fiscalização até as 21h -antes só era feita até as 19h.
Os ambulantes costumavam ocupar a praça da República e as ruas 24 de Maio, Barão de Itapetininga e Sete de Abril após as 18h, quando as lojas fecham.
No embate de anteontem, cinco guardas ficaram feridos -um precisou passar por cirurgia por causa de fratura no maxilar- e três ambulantes foram detidos.

Guerrilha
O confronto de ontem ganhou ares de guerrilha. A manifestação começou por volta das 17h30 e obrigou os comerciantes dos calçadões a fecharem suas portas.
Os homens da GCM, que permaneciam parados num mesmo local, começaram a se movimentar. Num primeiro confronto, em frente ao Teatro Municipal, partiram para cima dos manifestantes, que fugiram. Num segundo, atrás do teatro, tentaram cercar de novo o grupo de cerca de cem ambulantes, mas sem sucesso.
A partir daí, os camelôs se misturaram aos pedestres. Vez ou outra, atiravam rojões. Um deles quase atingiu o comandante da GCM, coronel Rubens Casado, que ficou no local até o fim dos embates, por volta das 21h30.
A cada rojão atirado, os guardas corriam na direção das aglomerações de pessoas. Nos casos em que conseguiam alcançar uma, chutavam e batiam com cassetetes.
Um rapaz que corria após o disparo de um rojão foi cercado pelos guardas. Levantou os braços, mas apanhou do mesmo jeito. Após alguns segundos, um policial militar entrou no meio dos cerca de oito GCMs para que parassem de bater no rapaz.
Vendedor de churrasquinho grego no largo do Paissandu, Marconi Cavalcante mostrou, após um confronto ocorrido próximo de sua barraca, um projétil que, segundo ele, foi disparado de onde estavam os guardas. "Isso aqui é uma guerra", reclamou ele.

Contrabando
O subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, afirmou ontem que a fiscalização contra os ambulantes na praça da República vai continuar. "Vão ter de entender que não vão ficar. Essa turma é a distribuição do crime organizado, da pirataria e da carga roubada. Não dá para tolerar isso. É um problema policial, não social", disse.
Na região do conflito, há 1.200 ambulantes com TPU (termo de Permissão de Uso). Os manifestantes, disse Matarazzo, estão irregulares. "Temos dado alternativas com os pop centros", afirmou.


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