São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

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ADMINISTRAÇÃO

Prefeito, que visitou pronto-socorro de Santana após morte de moradora de rua, admitiu que situação é precária

Pacientes recebem Serra com protesto

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob protestos de pacientes que se aglomeravam nos corredores, o prefeito José Serra (PSDB) visitou ontem o PS Santana, na zona norte da cidade, onde, na quarta-feira, uma moradora de rua morreu diante do hospital.
A entrada do prefeito foi marcada por um tumulto no corredor do pronto-socorro. Diversos pacientes que aguardavam atendimento reclamavam, aos gritos, das condições do local. Alguns tomavam soro no próprio corredor.
Em um dos quartos, pacientes eram tratados em colchonetes colocados no chão. Durante a visita de Serra, uma mulher chegou a desmaiar na sala de espera.
Com o sobrinho de um ano e meio no colo, Josefa Poliana Quirino Sales era uma das mais exaltadas. "Não tem leite para ele [seu sobrinho] só porque não está internado. Cadê o Serra? Votei nele e o que está fazendo agora? O menino com fome e não dão leite", reclamava ela.
Depois das reclamações, a imprensa foi impedida de acompanhar o restante da visita.
Serra reconheceu que a situação do local "é precária", mas não falou sobre os protestos.
A morte da moradora de rua foi a primeira polêmica na gestão de Maria Cristina Cury, empossada anteontem na Secretaria da Saúde e que acompanhou o prefeito durante a visita.

"Morreu onde vivia"
Em sua primeira nota oficial, a secretária afirmou que Fátima Gonçalves, 49, "morreu onde vivia", uma vez que se tratava de uma moradora de rua.
O comentário provocou críticas de diversos setores, como o Conselho Regional de Medicina e o Conselho Municipal de Saúde. O coordenador da Pastoral do Povo da Rua, padre Júlio Lancellotti, classificou a nota da secretária como "estarrecedora".
Cury lamentou as críticas. "Infelizmente eu fui interpretada como uma pessoa insensível", disse a nova secretária.
Ela afirmou que quis "explicar que a paciente não estava esperando atendimento na rua", como afirma o marceneiro Aderson Mendes Pereira, marido de Fátima Gonçalves.
A secretária disse ainda que, se a nota "ofendeu alguém, temos que nos desculpar, não era essa nossa intenção".


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