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SAÚDE NA UTI
15 recém-nascidos morreram nos últimos 20 dias em unidade municipal; média é de até oito por mês, diz prefeitura
Superlotação causa morte de bebês no Rio
CATHARINA EPPRECHT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
Quinze recém-nascidos morreram neste mês em uma maternidade de gravidez de risco em São
Cristóvão, bairro do Rio. O número já supera a média mensal para
esse tipo de instituição.
A superlotação do Instituto Municipal da Mulher Fernando Magalhães causou as mortes, pela dificuldade de atendimento e pela
proliferação das contaminações
por bactérias, na avaliação inicial
da Secretaria Municipal de Saúde
e das comissões de Saúde da Assembléia Legislativa e da Câmara.
Por ser especializado em gravidez de alto risco, o instituto tem
mais mortes que maternidades
comuns. Segundo o subsecretário
municipal de Saúde, Mauro Marzochi, a média de óbitos em uma
unidade do mesmo tipo e dimensão é de seis a oito por mês. Além
das 15 mortas em maio, houve dez
mortes em abril e 12 em março.
Algumas mães tentaram tirar os
filhos do local, mas ouviram de
médicos que o risco era alto, pois
foram gestações complicadas.
Sete mortes foram causadas por
infecções, mais que o dobro das
contaminações ocorridas no mês
anterior. Outra aconteceu por falta de equipamento para uma cirurgia -o bebê havia nascido
com hidrocefalia (acúmulo excessivo de liquor na cabeça).
"Como aqui é apenas maternidade, ele precisava ser levado para
o hospital Jesus, o que não aconteceu porque o hospital não tinha
um equipamento necessário para
a operação", diz o vereador Carlos
Eduardo (PP), vice-presidente da
Comissão de Saúde da Câmara.
A UTI foi esvaziada para higienização. As crianças que lá estavam foram levadas para a unidade intermediária. Os bebês dessa
sala, por sua vez, foram transferidos para um terceiro espaço.
O instituto, diz o deputado Paulo Pinheiro (PT), presidente da
Comissão de Saúde da Assembléia, tem capacidade para internar 20 crianças por dia na UTI,
mas tem recebido diariamente
uma média de 25 bebês.
Maria Ribeiro Sampaio, mãe da
mais recente vítima na maternidade, morta ontem, tinha tido gêmeos: William e Wallace. O segundo seguia internado na maternidade, de onde Maria tentou tirá-lo, mas não conseguiu.
"Eles dizem que, para meu filho
sair, devo assinar um termo de
responsabilidade", diz uma mãe
que pediu para não ser identificada e está com o filho há mais de
um mês internado. Maria também não quis assinar o termo.
Apenas uma outra mãe, Adriana Fernandes Duarte, conseguiu
autorização dos médicos para levar a criança para casa.
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