São Paulo, Segunda-feira, 20 de Dezembro de 1999


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EDUCAÇÃO
Desempenho de estudante é afetado por vida familiar

ADRIANA SOUZA SILVA
da Reportagem Local

Gastos extras com aulas particulares, férias adiadas por causa da recuperação. É fácil prever o que acontece quando o filho não consegue boas notas na escola. Difícil é descobrir o porquê do seu mau desempenho.
Problemas emocionais e de relacionamento familiar podem ser a origem de tudo. Antes de responsabilizar o aluno, é preciso que os pais façam uma auto-avaliação e descubram sua parcela de culpa no problema.
Se a notícia da reprovação causa surpresa, é sinal de que não há acompanhamento das atividades durante o ano. "Isso já seria uma pista de que há algo errado na relação familiar", afirma Maria Isabel Leme Mattos, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Segundo ela, também há casos em que a atenção é excessiva. A criança se sente o centro do universo e acha que vai conseguir dos professores as mesmas regalias que conquista em casa.
Nesse caso, Mattos recomenda que os pais estabeleçam limites. "Não é ser chato, mas sim participativo. Mandar o filho fazer a lição e se oferecer para ajudá-lo são maneiras diferentes de cobrar."
Para a publicitária Mônica dos Santos Oliveira, as coisas na prática não são tão simples como ensinam os psicólogos. Mônica passa a maior parte do seu tempo no trabalho, longe do filho, Thiago, 7. "Não quero transformar as poucas horas ao lado dele num momento só de cobranças", diz.
Por conta das baixas notas durante o ano, Thiago repetiu a 1� série. Com a ajuda de especialistas, a publicitária descobriu que o filho tem dislexia (distúrbio neurológico que dificulta o aprendizado). "Agora o entendo melhor", diz.
A psicopedagoga Silvia Amaral, coordenadora da CAD (clínica especializada no desenvolvimento da aprendizagem, em São Paulo), considera que muitos pais vêem na psicologia um último recurso à solução do problema, quando deveria ser o primeiro.
"Há pais que acham a terapia algo para crianças anormais", diz.
Mas, para a mãe de Thiago, o importante foi a opinião da criança. O filho concordou em receber acompanhamento pedagógico e no ano que vem passará a estudar numa escola de período integral.


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