São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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Cooperativado tem estrutura de apoio

DA REPORTAGEM LOCAL

"Com o meu trabalho, estou contribuindo para a limpeza da cidade e para a natureza", afirma Carlos Alberto Santana, 40, catador há oito anos e membro da Coopamare (Cooperativa de Catadores de Papel, Aparas e Materiais Reaproveitáveis).
Ele trabalha tanto quanto os catadores "autônomos", ganha praticamente a mesma coisa, mas diz que, na cooperativa, as pessoas se dão mais valor, tudo é discutido em conjunto e há cursos de treinamento. "Por isso é melhor."
Santana passou a catar papel quando perdeu o emprego de porteiro, mas nem hesita em afirmar que não voltaria ao antigo posto. "Tenho mais liberdade."
O trabalho nas ruas, porém, teve como consequência um problema de pulmão que fez o catador perder peso. "Só consigo carregar até 300 kg porque sou fraco", diz.
"Quando a gente trabalha na rua, sozinho, é muito mais fácil se desestruturar e se envolver com álcool e drogas", afirma Carlos Roberto Fabrício, 48, o "Carlinhos", ex-presidente fundador da Coopamare e atual diretor-tesoureiro da cooperativa.
"Eu fui resgatado", completa. A Coopamare foi a primeira cooperativa de catadores do Brasil, criada em 89 por um grupo que trabalhava e vivia nas ruas.
Hoje, a maioria dos 82 membros têm casa e normas rígidas de conduta, como não beber e não faltar às reuniões semanais -o que, para Carlinhos é o principal fator de resistência dos catadores "autônomos". "É difícil para eles seguirem regras", diz. (MV)


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