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Decisão no caso padre Júlio é alvo de recurso
Promotoria vai recorrer de sentença em que quatro pessoas foram absolvidas de acusação de extorsão contra o religioso
Anderson Batista, um dos acusados, negou chantagem e disse ter recebido R$ 700 mil do padre durante seis anos de relação íntima com ele
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público entrou
ontem com recurso contra a
decisão da Justiça que absolveu
no última dia 9 de junho Anderson Marcos Batista, 26, sua mulher, Conceição Eletério, 45, e
os irmãos Evandro, 29, e Everson Guimarães, 27. Eles responderam pelos crimes de formação de quadrilha e extorsão
contra o padre Júlio Lancelotti.
Para o Ministério Público, há
provas suficientes de que os
quatro cometeram o crime de
extorsão contra o sacerdote.
O caso começou no ano passado, quando o padre Júlio
Lancelotti procurou a polícia
para denunciar o grupo afirmando que eles o ameaçavam
com denúncias falsas de pedofilia. Ele disse ter pago R$150
mil aos quatro por causa das extorsões. O padre disse à polícia
ter dado o dinheiro a Batista
por sentir medo de ser agredido
e porque acreditava que "poderia mudar as pessoas que o extorquiam".
Lancelotti atua na Pastoral
do Povo de Rua e é um dos principais defensores dos direitos
dos adolescentes infratores no
estado de São Paulo.
Batista, que é ex-interno na
Febem, a atual Fundação Casa,
negou a chantagem e afirmou
ter recebido R$ 700 mil do padre durante seis anos de relação que os dois teriam mantido.
Everson foi preso em setembro do ano passado por suposto
envolvimento no crime; Evandro e o casal foram para a prisão
em outubro. Na semana passada todos foram libertados por
decisão do juiz Caio Farto Salles, da 31� Vara Criminal do
Tribunal de Justiça. Batista
responde em liberdade por
uma acusação de homicídio.
Recurso
A decisão dos promotores
Fábio José Bueno e Luiz Antonio de Oliveira de entrar com o
recurso na Justiça foi divulgada
ontem pode meio de nota pela
assessoria de imprensa do Ministério Público. Segundo a nota, os promotores sustentam no
recurso que, apesar dos quatro
terem sido absolvidos por falta
de provas, "existem provas suficientes nos autos de que os
acusados praticaram reiteradamente crime de extorsão contra o religioso".
Defesa
O advogado dos quatro, Nelson Bernardo da Costa, disse
estar preparado para contra-argumentar o recurso do Ministério Público. Ele afirmou
que entrará na Justiça com seu
próprio recurso para comprovar que não houve crime.
"Os promotores estão no direito deles. Isso [o recurso] já
era esperado. O importante é
que na primeira instância o juiz
concluiu que não há provas",
disse o advogado.
Os promotores Bueno e Nusdeo não concordaram em dar
entrevista dizendo que o processo tramita em segredo de
Justiça. O advogado Luiz
Eduardo Greenhalgh, que atua
no caso como assistente da
Promotoria, foi procurado pela
reportagem mas não quis dar
entrevista. Na ocasião da absolvição, Greenhalgh havia divulgado nota afirmando que acreditava que a decisão seria reformada pelo Tribunal de Justiça.
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