São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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LEGISLATIVO

Em meio a empurrões, xingamentos e acusações, o vereador petista recebeu 29 votos, um a mais do que o necessário

Câmara elege Arselino Tatto presidente

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
Arselino Tatto (PT) foi escolhido, na manhã de ontem, para ser o novo presidente da Câmara de SP


CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa sessão marcada por empurrões, xingamentos e acusações de uso da máquina, o vereador Arselino Tatto (PT) foi eleito ontem presidente da Câmara Municipal, para um mandato de um ano. Ele recebeu 29 votos, um a mais do que o necessário. Antônio Carlos Rodrigues (PL) obteve 25. Havanir Nimtz (Prona), que enfrenta uma sindicância no Legislativo paulistano devido a denúncias de venda de candidatura no partido, foi a única ausente.
A eleição de Tatto foi garantida pelos votos de Edivaldo Estima (sem partido), Humberto Martins (PDT) e Eliseu Gabriel (PDT), que haviam aderido à candidatura de Rodrigues, em um documento assinado por 29 vereadores.
Na quinta-feira, quando Gabriel anunciou ao grupo que não mais votaria em Rodrigues, uma confusão se armou em seu gabinete.
Gabriel disse que foi agredido e ameaçado pelo candidato. "Ele disse que eu não sairia vivo daqui hoje [ontem] se não votasse nele."
Ontem, Gabriel, Estima e Martins foram hostilizados pelo grupo de Rodrigues. "Você é um sem-vergonha", disse Toninho Paiva (PFL) para Estima, depois de dar-lhe um empurrão. Quando Gabriel entrou no plenário, às 10h25, foi recepcionado com um grito de Wadih Mutran (PPB): "O traidor chegou!".
Na hora da votação, a maioria do grupo de Rodrigues, ao declarar o voto no vereador do PL, utilizava o microfone para agredir verbalmente Gabriel e os outros ex-aliados. "Vocês são canalhas, traidores, sem-vergonhas e covardes. Não sustentam em pé o que falam sentados", acusou Salim Curiati (PPB).
Na hora de votar, Gabriel disse que havia sido ameaçado de morte, o que irritou ainda mais o vereador Roberto Trípoli (PSDB), que partiu para cima dele. O vereador foi contido por outros parlamentares. Gabriel, porém, disse que recebeu um chute do tucano.
Trípoli também discutiu com Myryam Athiê (PMDB). "Você me respeite e cale a sua boca!", reagiu a vereadora.
Mutran e Curiati acusaram o governo de oferecer benefícios aos vereadores para que votassem em Tatto. "Eles chegaram a me ofertar dois cargos na subprefeitura de Vila Maria", disse Mutran.
Havia a suspeita de que Estima teria recebido a promessa de poder indicar o subprefeito de Parelheiros. Estima, que declarou ter assinado uma lista em favor de Rodrigues e outra em favor de Tatto, negou que tenha recebido qualquer oferta do PT. "Votei no Tatto porque agora sou governo", justificou o vereador, que foi da base fiel aos ex-prefeitos Maluf e Pitta. Gabriel e Martins também negaram ter recebido alguma coisa para votar em Tatto.
"Deixei a candidatura do Rodrigues porque percebi que o grupo estava querendo fazer oposição à prefeita Marta Suplicy, e eu não sou oposição", afirmou Gabriel.
"Eu havia dito que, se alguém saísse, eu também sairia do grupo", disse Martins.

Dificuldades
A eleição, porém, pode criar dificuldades para a prefeita aprovar projetos. A Folha apurou que o governo municipal tem consciência do problema e, por isso, houve a tentativa, até as 5h30 de ontem, de formar uma chapa única. O grupo de Rodrigues porém não aceitou e também não quis fazer parte da mesa diretora.
A mesa será composta por: Arselino Tatto (PT), presidente; Jooji Hato (PMDB), primeiro vice-presidente; Cláudio Fonseca (PC do B), segundo vice-presidente; Celso Cardoso (PFL), primeiro-secretário; Myryam Athiê (PMDB), segunda-secretária; Eliseu Gabriel (PDT), primeiro suplente; e Edivaldo Estima (sem partido), segundo suplente.


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