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PERFIL
Acusado tinha nove mandados de prisão por assalto a mão armada
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Acusado de liderar pelo menos
15 assaltos nos últimos dois anos a
apartamentos de classe média alta
do Rio, com nove mandados de
prisão por assalto a mão armada e
respondendo a inquéritos por
fraude processual, corrupção de
menores e formação de quadrilha, a morte de Pedro Dom foi
"tragédia anunciada", definiu seu
pai, Luiz Victor Lomba.
Ex-policial que integrou o Esquadrão da Morte -grupo parapolicial liderado pelo detetive Mariel Mariscot nos anos 70-, Lomba diz que o filho tornou-se usuário de drogas aos nove anos.
Pedro Machado Lomba Neto
-loiro, ganhou o apelido de
Dom de outros garotos dependentes, com quem convivia nas
esquinas da rua Prado Júnior, em
Copacabana. Completaria 24
anos no próximo dia 27. Deixou
um filho de cinco meses.
Começou a roubar por volta dos
12 anos para financiar seu vício.
No começo, subtraía objetos de
sua mãe, com quem vivia, junto
com as duas irmãs. Depois, passou a furtar toca-fitas.
O advogado da família, Rogério
Rocco, destaca as tentativas inúteis dos pais para libertá-lo do vício: foram 14 internações em clínicas de desintoxicação até ele ser
preso, no ano de 2001, por porte
ilegal de armas.
Rocco conta que, diante do laudo médico que atestava a dependência química do rapaz, o juiz
decidiu libertá-lo, mas foi demovido pela mãe -que implorou de
joelhos para que o filho fosse internado no hospital penitenciário
Heitor Carilho, imaginando que
seria uma forma de mantê-lo
afastado de seu vício.
""Mas o hospital funcionou como uma escola de crime. Lá, ele
conheceu assassinos, traficantes e
ladrões que se tornaram seus
companheiros de quadrilha",
conta o advogado da família.
Pedro Dom ficou internado por
seis meses. Voltou para as ruas
em fevereiro de 2002, com a condição de continuar o tratamento
de desintoxicação no ambulatório do hospital.
Contrariando a ordem judicial,
foi só uma vez ao ambulatório. A
partir de fevereiro de 2002, existe
um vazio de informação sobre ele.
"Ficou desaparecido por uns dois
anos, sem dar notícias a ninguém", acrescenta o advogado.
Pedro Dom ressurgiu há cerca de
dois anos, liderando os assaltos a
edifícios de luxo no Rio.
A primeira namorada, aos 17
anos, era usuária de drogas e assaltante. ""Filha de um oficial da
Aeronáutica reformado, e muito
bonita, ela ia na frente nos assaltos, para atrair os porteiros, que
abriam as portas. Cada membro
da quadrilha tinha uma especialidade. A Pedro Dom cabia roubar
e ameaçar as vítimas", diz Rocco.
Fama de violento
Dom fez fama de violento. As vítimas descreviam cenas de horror. Uma mulher contou que ele
chegou a colocar uma granada sobre a cabeça de uma criança para
forçar as vítimas a contar onde
guardavam as jóias.
O pai de Pedro Dom atribui o
envolvimento do filho com o crime a uma fatalidade. "Algumas
pessoas vão à terra do nunca e experimentam drogas, mas conseguem sair de lá e se tornam profissionais decentes. Outros ficam lá
para sempre. A terra do nunca é o
lugar onde os jovens desafiam tudo aquilo que as leis, as famílias e
as escolas impõem. A senhora
tem idéia da sensação de poder
que a posse de uma arma provoca?", responde o ex-policial civil
Luiz Victor Lomba ao ser questionado se Pedro Dom poderia ter se
envolvido com a criminalidade
para contestá-lo.
Para Lomba, a polícia creditou a
Pedro Dom assaltos que teriam sido cometidos por outras quadrilhas. Ele afirma que a mídia criou
um falso mito ao comparar seu filho a dois outros assaltantes do
Rio de Janeiro, oriundos da classe
média, que ficaram famosos: Lúcio Flávio Lírio, assaltante de bancos morto em 1975, e Mauricinho
Botafogo, filho do proprietário de
uma casa de câmbio, preso por
assalto. Lomba foi um dos policiais que prenderam Lúcio Flávio.
Com o rosto e as mãos sujas do
sangue do filho, Lomba disse que
Pedro Dom havia sido vítima de
extorsão várias vezes por policiais. Ele afirmou que a família
chegou a vender um apartamento
no bairro de Botafogo, na zona
sul, para evitar que o rapaz fosse
preso, no ano 2000.
"A polícia matou sua galinha de
ovos de ouro", afirma. Lomba
disse que não apoiava a conduta
do filho, mas o amava.
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