São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2000


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GENÉRICOS
Importação dependerá exclusivamente do interesse das distribuidoras; governo não definiu estratégia
Importado também enfrenta burocracia

da Reportagem Local

da Sucursal de Brasília

A intenção do Ministério da Saúde em aumentar a importação de genéricos para dar mais competitividade ao mercado deve agilizar apenas em parte o acesso de genéricos à população.
O fato de o governo brasileiro passar a aceitar os testes de bioequivalência dos genéricos feitos no exterior deve gerar uma economia de cerca de quatro meses -tempo da realização de um teste no Brasil.
Mas, uma vez importados, esses medicamentos ficam emperrados, junto com os brasileiros, em um processo de análise dos pedidos de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVS) -o que leva outros quatro meses. Hoje, aguardam na fila 151 pedidos de registros, e apenas seis foram aprovados.
A importação de genéricos depende exclusivamente do interesse das distribuidoras que importam remédios em entrar nesse ramo. Segundo a Folha apurou, não existe até o momento nenhuma definição sobre quais medidas deveriam ser adotadas para estimular essa importação.
A lei que regulamentou o mercado de genéricos no Brasil, aprovada em 99, já determinava que testes de bioequivalência e biodisponibilidade realizados no exterior fossem validados no Brasil.
O objetivo era estimular laboratórios multinacionais instalados no Brasil que comercializam genéricos no exterior a entrar no mercado nacional de genéricos.
Como a procura foi pequena, o Ministério da Saúde quer agora que os genéricos importados cheguem pelas distribuidoras. "Vamos discutir com as distribuidoras quais medidas podem facilitar as importações", afirmou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Barjas Negri.
Para a diretora técnica da Alanac (Associação dos Laboratórios Nacionais), Sara Kanter, a importação de genéricos "é um absurdo". "Isso é um desestímulo à produção nacional, que gera empregos e paga impostos." Segundo ela, os laboratórios nacionais veriam mais vantagem em investir na produção do que importar os genéricos. "A longo prazo, o laboratório poderia ter problemas com fornecimento, a variação cambial ou volume de cotas."

Novos genéricos
Segundo Vecina Neto, novos genéricos nacionais devem ser registrados ainda neste mês. Ele não informou quantos nem quais. Mas, se o processo de aprovação leva 120 dias, como informou o próprio Vecina Neto, pelo menos 20 medicamentos devem receber registro antes de março -já que mais de 20 pedidos chegaram à ANVS em outubro.
(PRISCILA LAMBERT, DANIELA FALCÃO e ADRIANA SOUZA E SILVA)


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