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ADMINISTRAÇÃO
Decreto do prefeito Celso Pitta reduziu alíquota do imposto para atrair empresas para a cidade
São Paulo perde R$ 75 mi com ISS menor
ROBERTO COSSO
da Reportagem Local
O prefeito Celso Pitta (PTN) assinou no dia 31 de janeiro um decreto que vai fazer a Prefeitura de
São Paulo perder pelo menos R$
75 milhões ao ano na arrecadação
de ISS (Imposto Sobre Serviços).
O decreto reduz em até 75% a
base de cálculo para cobrança do
imposto sobre quatro tipos de
serviços (veja quadro ao lado). A
prefeitura alega que o objetivo da
medida é atrair empresas para a
cidade, mas parecer da Secretaria
Municipal das Finanças, datado
de setembro de 97, desaconselhou
a medida, afirmando que a arrecadação seria reduzida sem a garantia da atração de novas empresas para a cidade.
Segundo advogados ouvidos
pela Folha, o decreto é ilegal.
Houve lobby das empresas beneficiadas para que o decreto fosse
assinado (leia textos abaixo).
Em 93, o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) enviou à Câmara Municipal um projeto de lei que reduzia a base de cálculo apenas do
fornecimento de mão-de-obra
em caráter temporário. O projeto
acabou arquivado em 97, a pedido de Pitta, para quem "a matéria
deveria ser objeto de reexame pelos órgãos técnicos da prefeitura".
Em 96, o vereador Brasil Vita
(PPB) apresentou outro projeto
de lei que reduzia a base de cálculo do ISS para serviços de limpeza,
manutenção e conservação de
imóveis, inclusive vias públicas,
parques e jardins. O projeto ainda
tramita na Câmara.
Em junho de 97, a prefeitura
ameaçava vetar o projeto de Vita,
caso ele fosse aprovado e previa
uma perda de arrecadação de R$
75 milhões por ano. Na época, o
atual secretário das Finanças em
exercício, Carlos de Souza Braga,
era diretor do Departamento de
Renda Mobiliárias da secretaria e
considerava o projeto "inviável e
absurdo". Na época, José Antonio
de Freitas, então secretário das Finanças, se declarou "totalmente
contrário" à proposta de Vita.
O decreto assinado por Pitta
não só concede os mesmos benefícios às empresas atendidas por
Vita, como amplia os setores privilegiados. A Folha apurou que
prefeitura não tem estudos sobre
o impacto que a medida vai causar na arrecadação.
A assinatura do decreto pelo
prefeito descontentou tanto os
vereadores da oposição como os
de sua base aliada, que pretendiam aprovar o projeto de Vita.
O vereador José Eduardo Cardozo (PT) prepara uma ação popular contra o decreto. Ele quer
que Pitta seja obrigado a devolver
aos cofres públicos os prejuízos
causados pela edição do decreto.
Cardozo vai fazer uma representação à Procuradoria Geral de Justiça para que seja apurado eventual crime de responsabilidade e
ato de improbidade administrativa do prefeito.
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