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Processo discrimina ex-presidiários
da Reportagem Local
O processo de licitação para as
novas peruas de lotação legalizadas impede a participação de pessoas que já tenham sido condenadas pela Justiça, mesmo que a pena já tenha sido cumprida integralmente. Para especialistas ouvidos pela Folha, a limitação é ilegal e precisa ser modificada.
A proibição aparece no anexo 2
do edital, em uma declaração que
deve ser preenchida pelos candidatos. No documento, o perueiro
deve declarar que nunca possuiu
condenação por crime doloso,
que não foi condenado por crime
culposo nos últimos cinco anos
nem foi considerado culpado por
crimes envolvendo tóxicos.
Quem não preencher todos esses
requisitos fica automaticamente
excluído da licitação.
"Essa proibição fere o princípio
fundamental do direito à dignidade, por isso é ilegal", afirma o advogado Celso Bastos. "O condenado já cumpre uma pena na cadeia e não pode ser penalizado
novamente com a proibição de
participar de concursos."
Bastos considera ainda que a
prefeitura não pode alegar que os
ex-presidiários colocam em risco
a vida dos passageiros. "Se fosse
assim, nem carteira de motorista
essas pessoas poderiam tirar, pois
ofereceriam risco só por estar
transitando nas ruas."
O presidente da comissão de direitos humanos da seção paulista
da OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil), Pedro Dallari, considera a medida, além de ilegal, contraditória. "A sociedade deseja
que o ex-presidiário seja reinserido no mercado para deixar de delinquir. Porém proibições como
essa tornam a reinserção mais difícil", opina Dallari.
Os próprios perueiros são contrários à proibição. "Se a pessoa já
cumpriu a dívida com a sociedade, está livre para trabalhar em
qualquer área", afirmou o presidente do sindicato dos perueiros,
José Célio dos Santos.
Em 98, a prefeitura foi obrigada
a mudar um edital por problema
semelhante. O processo de regularização de camelôs proibia a
participação de pessoas que tivessem cumprido penas de prisão de
mais de dois anos.
Pressionada por advogados,
que consideravam a medida ilegal, e por camelôs, a prefeitura revogou a proibição.
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