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TRANSPORTES
Sindicato considera ilegais a proibição do tráfego de peruas no centro e a prioridade aos carros novos
Perueiros vão à Justiça contra licitação
Moacyr Lopes Jr/Folha Imagem
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Guardas da Prefeitura de São Paulo tentam organizar interessados em retirar edital de licitação |
OTÁVIO CABRAL
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
O sindicato dos perueiros vai
entrar na Justiça para tentar anular o edital de licitação da prefeitura para o transporte em lotações na cidade de São Paulo.
O edital começou a ser distribuído ontem pela SPTrans (São
Paulo Transportes). A intenção
da prefeitura é cadastrar os novos
4.042 perueiros em 45 dias.
Mas os perueiros apontam três
falhas que podem anular judicialmente todo o processo de escolha.
A principal é a proibição da entrada de peruas de lotação no centro
expandido da cidade.
"Essa proibição é uma mostra
do protecionismo da prefeitura
para as empresas de ônibus, o que
é ilegal", afirma José Célio dos
Santos, presidente do sindicato
dos perueiros legalizados. "Para
definir as regras, a prefeitura não
ouviu os passageiros, que serão os
principais prejudicados com essas mudanças."
Além disso, o sindicato contesta
o sistema de pontuação, que dá
vantagens aos donos de peruas
novas e mais espaçosas e não concede nenhum benefício aos perueiros já legalizados. Por fim, a
assessoria jurídica do sindicato
considera ilegal a proibição de
pessoas com condenação na Justiça de participar da licitação.
A prefeitura estima que 15 mil
lotações clandestinas circulam
hoje pela capital e deverão disputar uma das 300 linhas.
Os advogados do sindicato irão
elaborar um parecer até terça-feira, quando pretendem discutir o
assunto com a prefeitura. "Se a
prefeitura não aceitar fazer as mudanças necessárias, iremos à Justiça", ameaçou Santos.
Repercussão
O advogado Celso Bastos, professor de direito da PUC-SP e ex-procurador do Estado de São
Paulo, considera que as contestações dos perueiros estão corretas.
"Esse edital deve causar uma
grande batalha jurídica, pois
apresenta falhas que podem prejudicar pessoas que já trabalham
legalmente no transporte", analisou Celso Bastos.
O advogado critica a "plutocracia" gerada pelo sistema de pontuação da licitação: quem tem
mais dinheiro leva vantagem sobre quem tem menos dinheiro. Isso ocorre porque carros mais novos e caros, como vans, ganham
mais pontos do que as Kombis
tradicionalmente utilizadas no
transporte clandestino de passageiros da capital.
"Não é legal classificar um perueiro por sua aptidão financeira.
O carro deveria ser classificado
como apto ou inepto, nunca pelo
ano de fabricação", declarou.
O diretor de operações da
SPTrans, Luiz Flaviano Furtado,
disse ontem que os critérios da
concorrência têm como finalidade oferecer um bom serviço para
a população. ""Já que estamos começando um novo modelo, o
ideal é nivelar por cima."
A prefeitura não pensa em rever
o edital divulgado ontem.
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