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Escola alvejada no Rio pode perder seus professores
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
A escola onde estudavam as
17 crianças feridas num tiroteio
na manhã de quarta-feira, no
morro da Fazendinha (zona
norte do Rio), poderá fechar
suas portas nos próximos dias.
A violência assusta os professores. Os cinco responsáveis pelas dez turmas da unidade já
avisaram que estão dispostos a
pedir transferência.
"Sem eles não tem aula. Não
são os pais que vão tirar os alunos, nem a escola vai fechar por
causa da insegurança. Mas é capaz de fechar por causa da falta
de professores, que estão muito
assustados", disse a diretora
Dinalva Gurgel Moreira. Ela está na escola Henrique Foréis há
20 anos. A maior parte dos professores, há mais de 15 anos.
Ontem de manhã também
não houve aulas. Pais se reuniram com os professores e deram sugestões. Alguns acham
que a construção de um muro
pode ajudar a proteger dos tiros, caso aconteçam de novo.
Os professores preferem a
transferência da escola para
outro prédio, fora da favela.
Apelo dos pais
Há 15 anos ali, Elizabeth
Cristina Gomes Fortunato ouviu ontem de uma mãe um apelo: "Tia, não vá embora, não
deixe essas crianças". As duas
tinham os olhos marejados,
mas talvez o pedido não seja
atendido. "É uma sensação
muito ruim, a gente perde o
chão. Gosto do que eu faço,
acredito na educação, penso
muito nas crianças", disse. "Por
outro lado, tenho que pensar
em mim também, minha família cobra muito. Ontem cheguei
cedo em casa, e minha filha de
sete anos, que viu a notícia na
TV, perguntou: "Mãe, você está
em casa porque está ferida?"."
Na semana que vem, também
não haverá aula. Se os professores decidirem continuar, as aulas voltarão no dia 19.
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