São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Escola alvejada no Rio pode perder seus professores

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

A escola onde estudavam as 17 crianças feridas num tiroteio na manhã de quarta-feira, no morro da Fazendinha (zona norte do Rio), poderá fechar suas portas nos próximos dias. A violência assusta os professores. Os cinco responsáveis pelas dez turmas da unidade já avisaram que estão dispostos a pedir transferência.
"Sem eles não tem aula. Não são os pais que vão tirar os alunos, nem a escola vai fechar por causa da insegurança. Mas é capaz de fechar por causa da falta de professores, que estão muito assustados", disse a diretora Dinalva Gurgel Moreira. Ela está na escola Henrique Foréis há 20 anos. A maior parte dos professores, há mais de 15 anos.
Ontem de manhã também não houve aulas. Pais se reuniram com os professores e deram sugestões. Alguns acham que a construção de um muro pode ajudar a proteger dos tiros, caso aconteçam de novo.
Os professores preferem a transferência da escola para outro prédio, fora da favela.

Apelo dos pais
Há 15 anos ali, Elizabeth Cristina Gomes Fortunato ouviu ontem de uma mãe um apelo: "Tia, não vá embora, não deixe essas crianças". As duas tinham os olhos marejados, mas talvez o pedido não seja atendido. "É uma sensação muito ruim, a gente perde o chão. Gosto do que eu faço, acredito na educação, penso muito nas crianças", disse. "Por outro lado, tenho que pensar em mim também, minha família cobra muito. Ontem cheguei cedo em casa, e minha filha de sete anos, que viu a notícia na TV, perguntou: "Mãe, você está em casa porque está ferida?"."
Na semana que vem, também não haverá aula. Se os professores decidirem continuar, as aulas voltarão no dia 19.


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