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TELEFONIA CELULAR
Número de reclamações aumenta 363%, segundo a Anatel
País registra ao menos um celular clonado por hora
FERNANDO BADÔ
DA REPORTAGEM LOCAL
A clonagem de telefones celulares cresce a todo vapor no Brasil.
No primeiro bimestre deste ano, a
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) recebeu 1.513 reclamações de celulares clonados,
ou seja, 26 por dia ou mais de uma
por hora. Em comparação com o
mesmo período de 2004, quando
ocorreram 327 casos, houve aumento de 362,7%.
São Paulo é o Estado que mais
registrou ocorrências na Anatel
em 2005 (668), seguido por Minas
Gerais (378), de acordo com levantamento da Anatel.
O número pode ser bem maior.
Quantificar o total de aparelhos
clonados é difícil porque as operadoras preferem não falar sobre o
assunto.
Dados da Associação Brasileira
de Combate à Falsificação
(www.abcf.org.br) apontam números mais alarmantes: 10 mil celulares clonados por mês.
Ao clonar um celular, os falsários usam a linha para fazer ligações gratuitamente, uma vez que
a conta será enviada para o assinante da linha original.
A reportagem apurou que existe
até um mercado negro de celulares clonados, apelidados de "bodinhos". O comprador paga, em
média, R$ 50 e pode usar o aparelho para telefonar livremente enquanto ele não for bloqueado.
Captura e cópia
Para realizar a clonagem, os golpistas se aproveitam de brechas
de segurança do sistema das operadoras ou do descuido do próprio usuário e capturam dois dados que são a chave para a identificação do celular original: o número da linha e o número de série
do aparelho. Para isso é utilizado
um scanner de freqüência, um
aparelho capaz de rastrear ondas
de rádio que passem num raio de
até cem metros -distância que
varia dependendo da potência do
equipamento.
Essas brechas ocorrem principalmente nos sistemas analógicos. "Sistemas digitais têm criptografia, um método de segurança
que dificulta o acesso a essas informações. No analógico, elas ficam mais expostas", afirma o engenheiro eletrônico Paul Jean Jeszensky, da USP.
Outro procedimento de risco é
consertar celulares em lojas não-autorizadas porque um funcionário desonesto pode, ao abrir o telefone, ter acesso aos dados.
De posse dessas informações, as
quadrilhas reprogramam um
aparelho sem linha com ela. Para
Jeszensky, há várias pessoas sem
idoneidade trabalhando sob a fachada de assistência técnica. "Ao
abrirem um celular, eles conseguem acessar esses dados e, conseqüentemente, fazer clonagem
com total facilidade", diz.
Embora a telefonia celular no
Brasil seja majoritariamente digital, ainda há casos em que o sistema analógico é utilizado. "Em algumas situações, quando o celular entra em roaming, ou seja, sai
da área de cobertura original, ele
pode operar em modo analógico,
aí uma brecha se abre", diz o engenheiro eletrônico Michel
Daoud Yacoub, da Unicamp.
No entender de Yacoub, os casos de clonagem em celulares da
Vivo são mais comuns porque
parte dos sistema ainda opera em
modo analógico, uma herança da
época da Telesp Celular.
Procurada pela reportagem, a
Vivo informou, por meio da assessoria de imprensa, que não se
pronunciaria sobre o assunto.
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