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ADMINISTRAÇÃO
Caos financeiro e inoperância da máquina são situações que ocorreram no início dos governos do PT e do PSDB
Tucano repete Marta nos primeiros cem dias
CONRADO CORSALETTE
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
José Serra (PSDB) chega ao seu
centésimo dia como prefeito de
São Paulo repetindo o mesmo
discurso e adotando ações semelhantes às de sua antecessora e adversária política, Marta Suplicy
(PT), no início de governo.
Caos financeiro, inoperância da
máquina, serviços paralisados,
descaso com dinheiro público e a
impossibilidade de pagar a dívida
com a União foram alguns dos temas explorados pela ex-prefeita
petista que voltaram à agenda
municipal nos últimos meses.
Sempre reclamando da falta de
dinheiro, Marta e Serra tiveram
de parcelar as dívidas atrasadas
com fornecedores e pedir ao governo federal renegociação do
contrato da dívida. Nas suas primeiras ações, petista e tucano recorreram a medidas de impacto.
A ex-prefeita lançou o Projeto
Belezura, com o objetivo de diminuir a poluição visual da cidade e
foi pintar os muros do estádio do
Pacaembu. O atual prefeito realizou operações cata-bagulho, visitou piscinões assoreados e reativou o combate à propaganda irregular. Numa outra coincidência
de percurso, brigaram com perueiros nos dois primeiros meses.
"O discurso é semelhante, mas
há uma diferença fundamental
em seu resultado: o governo do
ex-prefeito Celso Pitta [antecessor de Marta] era visto por toda
população como caótico, o que já
não acontece com Marta", afirma
o cientista político Rubens Figueiredo, do Cepac (Centro de Pesquisa, Análise e Comunicação).
Segundo ele, ao insistir no discurso da "herança maldita", Serra
desperta a lembrança de um passado que, para muitos paulistanos, não foi ruim -Figueiredo cita os altos índices de aprovação da
ex-prefeita no final do mandato.
Para seu colega Fernando Abrúcio, professor de ciências políticas
da PUC-SP, ao adotar um discurso voltado ao passado, Serra acaba anulando sua imagem de "homem que faz". "Um político não
pode se pautar pelo passado porque o eleitor pensa no futuro",
afirmou Abrúcio. "A comunicação do prefeito erra ao repetir o
discurso da herança e gera um
desgaste no próprio governo".
Situação financeira
Quando Marta assumiu, em janeiro de 2001, seus auxiliares
apontaram um déficit deixado
pela administração Celso Pitta
(1997-2000) que se aproximava de
R$ 1 bilhão. João Sayad, então no
comando da Secretaria de Finanças, renegociou o pagamento das
dívidas com os fornecedores em
até quatro anos. No início da gestão, segurou dinheiro em caixa.
No último ano de sua administração, no qual disputou a sucessão paulistana com Serra, Marta
assumiu compromissos além da
capacidade financeira da cidade.
Foi obrigada a reduzir serviços,
como o de varrição de ruas, e cancelar empenhos (reservas orçamentárias). Ela afirma que, apesar
dos cancelamentos e do aperto na
reta final, fechou no azul.
Serra, no entanto, assumiu
apontando um déficit de cerca de
R$ 1,8 bilhão. Seu secretário de Finanças, Mauro Ricardo, adotou
um critério de pagamento que
prevê a quitação total do débito
até 2012. Ele também vem segurando dinheiro em caixa afirmando que ele será usado com parcimônia para não deixar débitos
para o próximo exercício fiscal.
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