|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sem diploma não são punidos
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O CRM (Conselho Regional de
Medicina) do Amazonas estima
que cerca de cem médicos estrangeiros atuam de forma ilegal nos
municípios carentes de profissionais, principalmente nas regiões
sul e oeste do Estado.
A porta de entrada são as cidades da fronteira com o Estado do
Acre, como Boca do Acre, Envira
e Ipixuna. "São peruanos, bolivianos e até colombianos que vêm de
seus países de origem e encontram aqui uma necessidade premente do povo, que precisa, mas
não é amparado pelas autoridades de saúde municipais", explica
o médico Álvaro Luiz Salgado
Pinto, presidente do CRM do
Amazonas.
Segundo Salgado Pinto, a situação é ainda mais grave no Amazonas porque muitos dos profissionais ilegais não são médicos formados. Por ano, o CRM do Amazonas recebe cerca de 12 denúncias de prática ilegal da medicina,
mas em apenas um caso uma pessoa foi presa no ano passado.
Suposto médico
Desde o dia 22 de dezembro de
2000, o peruano Isai Pinedo Grandez, 54, está preso na Penitenciária Raimundo Vidal Pessoa, em
Manaus, sob acusação de suposto
crime de exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica.
Grandez foi preso em flagrante
receitando ao índio wapixana
Soares Pereira da Silva, 42, remédios para tratamento de diabetes
e de epilepsia. A consulta custou
R$ 10. "Eu conheci Grandez na
Feira do Mercado, ele me tratava
havia uns três anos. Nunca passei
mal com seus medicamentos",
afirma Silva.
O índio disse também que nunca desconfiou da falsidade dos documentos do suposto médico peruano, que portava carteiras do
Conselho Nacional de Bioquímica do Peru e até do CRM do Rio de
Janeiro. A polícia prendeu Grandez depois de uma denúncia do
CRM do Amazonas, que investigou e constatou que os seus documentos eram falsos.
O suposto médico peruano estava expedindo, com freqüência,
atestados do SUS (Sistema Único
de Saúde) para licenças de funcionários de um hotel. O dono do hotel estranhou e avisou ao CRM do
Amazonas.
Texto Anterior: Amazônia: 20% dos médicos do Acre são clandestinos Próximo Texto: 65% dos irregulares são peruanos Índice
|