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Limpeza leva dois anos, diz Ministério da Saúde
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério da Saúde vai propor ao Ministério Público Federal
um cronograma que prevê a total
descontaminação da Cidade dos
Meninos em dois anos.
"Esse é o prazo realista", afirma
a médica Beatriz Tess, diretora do
Departamento de Ciência e Tecnologia em Saúde do Ministério
da Saúde e principal condutora
do caso Cidade dos Meninos.
Beatriz disse que está em andamento a licitação para a contratação da empresa que fará o confinamento do produto na principal
área contaminada. O custo de todo o processo deverá ficar entre
R$ 5 milhões e R$ 7 milhões, segundo estimativas preliminares
do Ministério da Saúde.
A descontaminação, segundo
Beatriz, deverá começar em abril.
Quando estiver concluída, o Ministério da Previdência pretende
dividir a área entre o município, o
Estado e a União.
"A idéia é vender a parte do terreno pertencente ao governo federal", diz Marcelo Garcia, secretário de Política de Assistência do
ministério.
"Depois de 12 anos de negociações infrutíferas para retirar as famílias que ainda moram em áreas
críticas, as casas serão demolidas
no próximo mês", afirma Beatriz.
Enquanto as novas são construídas em um outro local da Cidade dos Meninos já aprovado
pela Feema, o aluguel das moradias temporárias em Duque de
Caxias será pago pelo governo,
pelo prazo de 12 meses. "Ainda
existe muita resistência por parte
dos moradores", diz Beatriz.
Pelo menos 23 teses e dissertações acadêmicas foram desenvolvidas na última década inspiradas
na Cidade dos Meninos, mas, segundo parecer do Ibama, só três
servem na prática para subsidiar a
busca de soluções.
Câncer
Há ainda muitos estudos não
concluídos. A Fundação Oswaldo
Cruz atua em duas frentes: uma
que visa mapear os focos secundários de contaminação, principalmente a estrada que dá acesso
à região, e outra sobre a incidência de câncer na população local.
"A incidência de câncer naquela
área está acima do esperado, mas
os números só serão divulgados
quando estiverem fechados",
conta Beatriz. Ainda não há estudos conclusivos associando determinadas doenças à contaminação
crônica por "pó-de-broca". "Mas
precaução é a regra. Não vamos
pagar para ver."
Está sendo criada também uma
rede de referência com alguns
hospitais para o acompanhamento de casos suspeitos, como o Inca
(Instituto Nacional do Câncer).
(IC)
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