São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2001

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Limpeza leva dois anos, diz Ministério da Saúde

DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério da Saúde vai propor ao Ministério Público Federal um cronograma que prevê a total descontaminação da Cidade dos Meninos em dois anos.
"Esse é o prazo realista", afirma a médica Beatriz Tess, diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia em Saúde do Ministério da Saúde e principal condutora do caso Cidade dos Meninos.
Beatriz disse que está em andamento a licitação para a contratação da empresa que fará o confinamento do produto na principal área contaminada. O custo de todo o processo deverá ficar entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões, segundo estimativas preliminares do Ministério da Saúde.
A descontaminação, segundo Beatriz, deverá começar em abril. Quando estiver concluída, o Ministério da Previdência pretende dividir a área entre o município, o Estado e a União.
"A idéia é vender a parte do terreno pertencente ao governo federal", diz Marcelo Garcia, secretário de Política de Assistência do ministério.
"Depois de 12 anos de negociações infrutíferas para retirar as famílias que ainda moram em áreas críticas, as casas serão demolidas no próximo mês", afirma Beatriz.
Enquanto as novas são construídas em um outro local da Cidade dos Meninos já aprovado pela Feema, o aluguel das moradias temporárias em Duque de Caxias será pago pelo governo, pelo prazo de 12 meses. "Ainda existe muita resistência por parte dos moradores", diz Beatriz.
Pelo menos 23 teses e dissertações acadêmicas foram desenvolvidas na última década inspiradas na Cidade dos Meninos, mas, segundo parecer do Ibama, só três servem na prática para subsidiar a busca de soluções.

Câncer
Há ainda muitos estudos não concluídos. A Fundação Oswaldo Cruz atua em duas frentes: uma que visa mapear os focos secundários de contaminação, principalmente a estrada que dá acesso à região, e outra sobre a incidência de câncer na população local.
"A incidência de câncer naquela área está acima do esperado, mas os números só serão divulgados quando estiverem fechados", conta Beatriz. Ainda não há estudos conclusivos associando determinadas doenças à contaminação crônica por "pó-de-broca". "Mas precaução é a regra. Não vamos pagar para ver."
Está sendo criada também uma rede de referência com alguns hospitais para o acompanhamento de casos suspeitos, como o Inca (Instituto Nacional do Câncer). (IC)



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