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SEGURANÇA
Cem policiais interceptam comboio da facção em rodovia de SP; objetivo do grupo seria roubar R$ 28 mi de avião em Sorocaba
PM frustra ação criminosa e mata 12 do PCC
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
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Policiais observam ônibus utilizado pelo PCC no comboio que faria assalto no aeroporto de Sorocaba |
SÍLVIA CORRÊA
ALESSANDRO SILVA
ENVIADOS ESPECIAIS A SOROCABA
A Polícia Militar de São Paulo
matou ontem 12 integrantes do
PCC (Primeiro Comando da Capital) em um tiroteio de cerca de
cinco minutos no meio da rodovia senador José Ermírio de Moraes, a Castelinho, que dá acesso a
Sorocaba (100 km da capital). Um
soldado ficou levemente ferido.
A ação ocorreu às 7h30 na altura
do pedágio do quilômetro 12,5,
por onde passam 500 veículos entre 7h e 8h. Ela envolveu cem policiais, interditou a rodovia por 14
minutos, causou três quilômetros
de congestionamento e provocou
pânico nos motoristas que estavam no local, que fugiram das balas a pé e de ré. Estimativas da
própria polícia indicam que mais
de 700 tiros foram disparados.
Os homens do PCC seguiam em
um comboio de seis veículos no
sentido capital-interior -três deles foram roubados entre sábado
e segunda e entre eles estava um
ônibus de turismo. Segundo a polícia, os homens iam em direção
ao aeroporto de Sorocaba -a 16
km do pedágio-, onde planejavam roubar R$ 28 milhões de um
avião. O aeroporto negou que a
carga estivesse aterrissando.
A ação criminosa foi descoberta
após dez dias de escuta de uma
das centrais telefônicas ainda utilizadas pelo PCC. A ordem para o
assalto partiu de um dos líderes
presos da facção, segundo o comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), coronel José Roberto Marques, 45.
O governador Geraldo Alckmin
(PSDB) e os comandantes das forças policiais com mais homens na
ação -a Rota e a Polícia Rodoviária Estadual- classificaram a
operação como "mais uma vitória
da polícia" e as mortes como "inevitáveis". "Estamos em guerra
contra o crime, e a polícia venceu
mais uma batalha", afirmou o governador em Brasília.
Nas palavras das testemunhas, o
que elas viram na rodovia foi de
fato "uma verdadeira guerra". De
um lado, cem homens e mais de
150 armas. De outro, 17 homens
-12 que entraram em confronto
com a polícia morreram e cinco
que fugiram- e 17 armas.
Apesar das mortes em um só
dos lados, a Polícia Civil não investigará a ação da PM. "A ação
foi legal. Em ação legal não tem
nada o que apurar", resumiu o
delegado Ivaney Caires de Souza,
diretor do Deinter-7 (Departamento de Polícia do Interior).
No começo da ação, às 4h30, a
polícia ordenou o fechamento de
8 das 10 cabines, afunilando o fluxo. Em cada uma delas foi colocado um policial à paisana. Outros
90 PMs se dividiram em três grupos -de abordagem, de fechamento e de apoio (veja quadro).
Além de policiais disfarçados, a
ação incluiu a simulação de um
acidente, a colocação de furadores de pneus no asfalto e a utilização de três caminhões, que circulavam normalmente pela rodovia,
como escudo para ocultar carros
de polícia que estavam em um
prédio da Viaoeste -concessionária da rodovia (veja quadro).
No tiroteio, os carros usados pelo bando ficaram praticamente
destruídos, e o ônibus chegou a
ser invadido pelos policiais. Na
invasão, três pessoas ainda estariam vivas, segundo a polícia.
Todos os baleados carregavam
celulares e usavam coletes à prova
de bala. Eles foram levados a dois
hospitais de Sorocaba -o Regional e a Santa Casa-, mas morreram. Não se sabe se chegaram
com vida aos hospitais.
Até o final da tarde de ontem, os
nomes de apenas 5 dos 12 mortos
havia sido divulgado, mas podem
ser falsos. São eles: José Aílton
Honorato, Pedro Inácio Francisco da Silva, Luciano da Silva Barroso, Vágner da Silva e Laércio
Antônio. Alguns dos mortos, conhecidos como Esquerdinha e
Massa, teriam participado de um
resgate de 13 presos na Castello
Branco, também na altura de Sorocaba, em maio passado. Nessa
ação, um PM morreu.
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