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TRANSPORTE
Prefeitura diz que medida atende ao regulamento
Serviço Atende restringe viagem eventual de portador de deficiência
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Bruno do Nascimento Araújo,
17, portador de tetraplegia, perdeu uma série de consultas e exames médicos nas últimas semanas por não ter como se deslocar
ao hospital. Ele usa cadeira de rodas e só consegue sair de casa, em
Guaianazes, na zona leste de São
Paulo, acompanhado da mãe.
Era usuário do Atende, serviço
municipal de transporte porta-a-porta com vans adaptadas para
portadores de deficiência física,
porém foi informado no final de
outubro da decisão da prefeitura
de não atender mais suas viagens
-porque eram eventuais, para
consultas e exames médicos que
não têm periodicidade fixa.
Há ao menos mais dois usuários
do Atende, localizados pela Folha, que eram transportados para
compromissos desse tipo, mas
que foram cortados pelo governo
José Serra (PSDB).
A SPTrans (empresa municipal
que cuida do serviço) afirma que
eles eram casos isolados e que a
exclusão desse atendimento se
deve ao próprio regulamento do
serviço vigente desde 2001.
"Foram abertas exceções na
gestão anterior, por isso eles eram
atendidos. Mas isso prejudica os
demais, atrapalha a escala de
quem é atendido em dias e horários fixos", diz Moacir Mariano da
Costa, gerente-geral do Atende.
Segundo Costa, a racionalização
das 266 vans em 2005 fez a quantidade de usuários cadastrados saltar 58%, de 2.860 para 4.530.
Enquanto isso, pessoas como
Valdir Timóteo Leite ficam sem
alternativa. Paraplégico, ele sofreu uma cirurgia. Ao sair do hospital, recebeu uma carta da
SPTrans com a nova orientação.
Só conseguiu fazer seu retorno
pós-cirúrgico na AACD graças ao
improviso. Obteve numa subprefeitura a disponibilização de uma
ambulância. Na semana seguinte,
uma perua não-adaptada.
A sobrinha dele Gabriela Cabeço Leite, 7, que anda de cadeira de
rodas devido a uma paralisia cerebral, continua sendo atendida semanalmente pelo Atende para fazer a fisioterapia e a terapia ocupacional, mas também teve cortadas suas viagens eventuais (precisa a cada quatro meses ir ao hospital para substituir uma sonda).
O conselho do gerente-geral do
Atende para esses casos é a utilização dos ônibus convencionais
adaptados para deficientes -são
591, de uma frota total de 15 mil.
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