São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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TRANSPORTE

Prefeitura diz que medida atende ao regulamento

Serviço Atende restringe viagem eventual de portador de deficiência

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Bruno do Nascimento Araújo, 17, portador de tetraplegia, perdeu uma série de consultas e exames médicos nas últimas semanas por não ter como se deslocar ao hospital. Ele usa cadeira de rodas e só consegue sair de casa, em Guaianazes, na zona leste de São Paulo, acompanhado da mãe.
Era usuário do Atende, serviço municipal de transporte porta-a-porta com vans adaptadas para portadores de deficiência física, porém foi informado no final de outubro da decisão da prefeitura de não atender mais suas viagens -porque eram eventuais, para consultas e exames médicos que não têm periodicidade fixa.
Há ao menos mais dois usuários do Atende, localizados pela Folha, que eram transportados para compromissos desse tipo, mas que foram cortados pelo governo José Serra (PSDB).
A SPTrans (empresa municipal que cuida do serviço) afirma que eles eram casos isolados e que a exclusão desse atendimento se deve ao próprio regulamento do serviço vigente desde 2001.
"Foram abertas exceções na gestão anterior, por isso eles eram atendidos. Mas isso prejudica os demais, atrapalha a escala de quem é atendido em dias e horários fixos", diz Moacir Mariano da Costa, gerente-geral do Atende.
Segundo Costa, a racionalização das 266 vans em 2005 fez a quantidade de usuários cadastrados saltar 58%, de 2.860 para 4.530.
Enquanto isso, pessoas como Valdir Timóteo Leite ficam sem alternativa. Paraplégico, ele sofreu uma cirurgia. Ao sair do hospital, recebeu uma carta da SPTrans com a nova orientação.
Só conseguiu fazer seu retorno pós-cirúrgico na AACD graças ao improviso. Obteve numa subprefeitura a disponibilização de uma ambulância. Na semana seguinte, uma perua não-adaptada.
A sobrinha dele Gabriela Cabeço Leite, 7, que anda de cadeira de rodas devido a uma paralisia cerebral, continua sendo atendida semanalmente pelo Atende para fazer a fisioterapia e a terapia ocupacional, mas também teve cortadas suas viagens eventuais (precisa a cada quatro meses ir ao hospital para substituir uma sonda).
O conselho do gerente-geral do Atende para esses casos é a utilização dos ônibus convencionais adaptados para deficientes -são 591, de uma frota total de 15 mil.


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