São Paulo, sábado, 05 de novembro de 2011 |
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PEREZ DWORECKI (1920-2011) Um violista húngaro-brasileiro ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULO Perez Dworecki, filho único de um sapateiro e de uma dona de casa, nasceu numa aldeia da Hungria, mas com o nome de Sándor Herzfeld. Quando criança, ganhou de presente um violino, que o pai trocara por um par de sapatos. Na juventude, decidido a ser músico, foi fazer conservatório em Budapeste. Mas veio a Segunda Guerra, e ele, filho de judeus, acabou enviado a um campo de concentração soviético. Os pais morreram no conflito. Sándor se salvou porque tocava violino para os soldados. Terminada a guerra, o rapaz decidiu sair da Europa. Na Itália, já casado com Katalin, comprou documentos de um casal que tinha vistos para o Brasil. Sándor tornou-se Perez Dworecki, e a mulher passou a se chamar Sônia. Pouco após chegar a SP, no fim dos anos 40, conseguiu emprego em rádio. Tocava viola (semelhante ao violino, porém de som mais grave). Conheceu os compositores Villa-Lobos e Camargo Guarnieri e se tornou grande amigo de Radamés Gnattali. Foi spalla da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e professor de música da USP, de 1967 a 1982. Gravou cerca de 13 discos, como lembra a família. Há três anos, sofreu um derrame e perdeu alguns movimentos. Em 2009, um amigo propôs que tocassem juntos, para que ele voltasse a sentir a sensação. Atacou com o arco enquanto o amigo fazia a mão esquerda. Seu último sonho, não realizado, era ser reconhecido por seu país pelo nome de batismo. Viúvo, morreu anteontem, aos 90, devido a uma infecção. Teve duas filhas, quatro netos e dois bisnetos. coluna.obituario@uol.com.br Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Justiça derruba liminar que anulava questões do Enem Índice | Comunicar Erros |
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