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Não se enfrenta bandido com rosas, diz Lula
No Rio, presidente defende operação da polícia no complexo do Alemão que terminou com pelo menos 19 pessoas mortas
Lula anunciou projetos no valor de R$ 3,8 bilhões no Estado, com ações em favelas como urbanização e construção de creches
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, ao
anunciar projetos de R$ 3,880
bilhões do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento)
para o Rio de Janeiro, a ação da
polícia fluminense no complexo do Alemão, que resultou na
semana passada na morte de
pelo menos 19 pessoas.
"Nessa ação de vocês [governo do Estado do Rio] no complexo do Alemão, tem gente
que acha que é possível enfrentar a bandidagem com pétalas
de rosa ou jogando pó-de-arroz. A gente tem que enfrentá-los sabendo que muitas vezes
eles estão mais preparados do
que a polícia, com armas mais
sofisticadas. A gente tem que
enfrentá-los sabendo que a
maioria do povo que trabalha lá
é de gente trabalhadora, de
bem, que não pode ficar refém
de uma minoria", disse Lula.
Antes de ir ao Rio, o presidente já havia falado sobre violência em São Bernardo do
Campo, em discurso na comemoração dos 50 anos da montadora Scania no país.
"Se o Estado não cumprir
com o seu papel de dar condições ao povo, o narcotráfico dá,
o crime organizado dá", afirmou. "Então, nós queremos
competir com o crime organizado, na certeza de que só vamos derrotá-lo na hora em que
a gente conseguir levar benefícios para dentro desses lugares
mais pobres do Brasil."
Ontem, a Polícia Civil divulgou lista informando que 11 dos
19 mortos na operação policial
de quarta-feira no complexo do
Alemão (zona norte do Rio) tinham antecedentes criminais.
Entidades como a OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) e a
Comissão de Direitos Humanos da Assembléia suspeitam
que possa ter havido um massacre no Alemão.
Um dos projetos incluídos no
PAC para o Rio é o de urbanização do complexo do Alemão,
com R$ 495 milhões.
Também serão contempladas com verbas as favelas da
Rocinha (R$ 110 milhões),
Manguinhos (R$ 235 milhões)
e Pavão-Pavãozinho (R$ 35,2
milhões). Para Lula, as obras
são fundamentais também para combater o crime.
"Aquele povo que está morando lá [nas favelas] é vítima
do descaso que o poder público
teve com ele há 40, 50, 60 anos.
Somente com essas obras, investimento em educação e opções de lazer a gente vai poder
vencer o crime. Caso contrário,
ele vai nos derrotar, porque a
ausência do Estado é total."
Emprego
Na avaliação do presidente
da Federação das Associações
de Moradores de Favelas, Rossino de Castro, os investimentos anunciados ontem em favelas são importantes e bem-vindos, mas isso não é suficiente
para diminuir a violência: "Há
muitos anos as favelas não recebiam uma grana dessas, mas
acho que ainda falta muito.
Senti falta também de uma política de emprego. Falaram de
posto de saúde, de escola, de
praça para crianças, mas não de
trabalho para comunidade".
Além dos projetos de urbanização em favelas, o governo federal anunciou também investimentos em 15 municípios do
Rio, entre obras de saneamento
e projetos de urbanização em
comunidades carentes.
Vários prefeitos do Estado
compareceram ao evento na
casa de espetáculo Canecão.
Umas das exceções foi o prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM). A
ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff, minimizou a ausência, dizendo que a prefeitura
tem sido parceira do governo
em vários projetos do PAC.
Antes de deixar a montadora
em São Bernardo do Campo,
Lula lembrou da previsão de investimento de R$ 504 bilhões
em infra-estrutura.
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