São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2005

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RETIDO NA FONTE

Preço sobe, e consumidor pensa em alternativas, como filtro

Aumento do imposto do galão "seca" água de casa

Renato Stockler/Folha Imagem
Lindalva Rufina trabalha no Centro de Vigilância Sanitária e diz que não compra água mineral porque acha a da Sabesp 'ótima'


GIOVANNY GEROLLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O galão de água mineral (20 l) ficou, em média, R$ 0,50 mais caro no começo de outubro e seu preço pode subir a cada três meses.
Esses são os reflexos da portaria CAT-87, da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, que entrou em vigor no dia 1� e fixa uma nova base de cálculo do imposto sobre água mineral e natural, determinada por pesquisa de preços feita pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A água ficou mais cara porque aumentou o valor da base de cálculo. "O preço do galão subiu 37%", afirma o presidente da Abinam (Associação Brasileira das Indústrias de Águas Minerais), Carlos Lancia, 45.
Para o diretor da fonte Lindoyana de Águas Minerais, Marco Ruette, 39, a medida fecha o cerco aos distribuidores que sonegavam impostos, pois agora pagam o tributo na fonte de fornecimento. "Não houve aumento muito grande do imposto. O preço final já teria de ter sido reajustado."
O receio da Abinam é que os distribuidores aumentem os preços a cada trimestre, cada vez que a base aumentar e o galão custar mais na fonte. Isso, por sua vez, elevará o valor da base de cálculo.

Filtro vira opção
Assim, os consumidores começam a pensar em filtros e em purificadores como alternativas .
Na casa da balconista Roseli Beraldo dos Santos, 54, o galão será substituído pelo filtro de barro. "Ainda estou comprando galão, mas já procuro um filtro, porque, do jeito que aumenta, não dá."
A promotora de vendas Flaviana da Silva Guimarães, 24, adotou a água mineral quando seu purificador quebrou, mas conta que, por causa do aumento, mandou consertar o aparelho e vai abandonar os vasilhames.
A farmacêutica do grupo técnico de alimentos do Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde, Lindalva Rufina, 58, ressalta que o filtro "é mais econômico". Dez mil litros de água da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) custam a partir de R$ 11,19, valor pouco inferior ao de três galões, ou seja, de 60 l.
O setor está apreensivo quanto à sobrevivência de distribuidores menores. "Eles estão descapitalizados. Nossas vendas caíram 50% na última quinzena", declarou Reynaldo Maciel, 54, dono da fonte Crystal Del Rey.
"Dispensei um entregador porque ficou caro", conta o distribuidor Ailton Miranda, 46. "Aumentarei o preço em dezembro, pois o galão ficou R$ 1 mais caro."


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