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Excesso vira entulho em casa
free-lance para a Folha
Construir duas casas ao mesmo
tempo. Foi essa a impressão que a
advogada Marisa Nogueira, 56,
teve ao levantar seu imóvel.
"Meu pai e eu imaginamos uma
certa quantidade de material, mas
o pessoal da obra pedia sempre
mais", conta a advogada.
Depois do alerta dos amigos,
Marisa percebeu que havia comprado material suficiente para
construir outra casa, além da sua.
"Eu não sei o que eles faziam
com tanto material. Acho que eu
comprava de dia, e eles vendiam
durante a noite."
Mesmo com a reforma já pronta, os sinais do exagero e do desperdício permanecem no quintal
de sua casa até hoje.
"Eu fiquei com sacos de cimento, areia, telhas, tinta, base para
pintura. Tudo entulhado."
A psicóloga Rosina Bruno, 43,
sofreu com o problema inverso.
Para ela, faltou material.
"O pedreiro disse que precisaria
de 56 m2 de azulejo e, por precaução, eu resolvi comprar 60 m2. Só
que faltou azulejo. Ele calculou 2,5
m2 a menos do que precisava."
Rosina procurou no mercado,
mas o modelo da cerâmica já tinha saído de linha. Nos cemitérios, o preço das peças era muito
alto. Conclusão: a parede da casa
ficou dez anos revestida só até a
metade.
Para evitar problemas do gênero, Rosina está fazendo um curso
de pintura decorativa e pretende
revestir a lavanderia, aplicando
uma mistura de cimento, cola e
pigmento.
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