Para bi�logos, 'design inteligente' n�o faz sentido
A tentativa de dar verniz cient�fico e educacional � Teoria do Design Inteligente costuma esbarrar na semelhan�a entre a tese e o tradicional criacionismo --a cren�a numa divindade que teria criado diretamente os seres vivos como s�o hoje, em geral id�ntica ao Deus da B�blia.
Foi essa a conclus�o do juiz americano John Jones ao decidir contra a secretaria de educa��o de Dover, na Pensilv�nia, que defendia que a TDI fosse ensinada ao lado teoria da evolu��o nas escolas p�blicas. Jones concluiu que um curr�culo escolar assim violaria a separa��o entre religi�o e Estado estabelecida na Constitui��o dos EUA.
No Brasil, em 2004, o Estado do Rio de Janeiro, governado por Rosinha Matheus, chegou a propor a inclus�o do criacionismo no ensino p�blico, embora n�o tenha havido altera��o nas aulas.
A maioria dos bi�logos, por�m, diz n�o ver sentido na TDI, mesmo quando se analisam os dados do DNA com t�cnicas modernas.
"Quem quiser defender que o genoma reflete um design inteligente, que n�o perderia tempo ao entulh�-lo com lixo, vai precisar resolver o paradoxo da cebola", diz o geneticista brasileiro Marcelo N�brega, da Universidade de Chicago. "Se o nosso genoma de 3 bilh�es de letras' de DNA reflete a complexidade do nosso organismo, como justificar o genoma da cebola, com 15 bilh�es de letras? Ou o da ameba Polychaos dubium, com 670 bilh�es? Uma ameba � 200 vezes mais complexa do que um criacionista?", brinca ele.
Para o te�logo Eduardo Rodrigues da Cruz, da PUC-SP, que estuda a rela��o entre ci�ncia e religi�o, a penetra��o da TDI na academia brasileira tem crescido. "Nota-se uma mudan�a, al�m da capacidade de lideran�a de Marcos Eberlin, a pessoa que faltava para o movimento explodir aqui no Brasil", afirma.
Para o especialista, � um erro limitar-se a confrontar ou ironizar defensores da TDI, sem dialogar com lideran�as religiosas que n�o s�o contr�rias � evolu��o.
"N�o acho produtivo discutir com eles", diz Maria C�tira Bortolini, geneticista da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). "Acho muito mais interessante discutir por que h� essas mentes predispostas geneticamente a seguirem pensando de maneira m�gica, mesmo quando adultos."