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Rios foram essenciais para descobertas
do enviado especial ao Rio
A definição dos limites entre o
Brasil e os países de fala espanhola
do continente também é um tema
de história naval. O motivo é simples: a penetração pelo interior da
América do Sul dependia dos rios.
Algumas dessas esquecidas -ou
pouco conhecidas- expedições
foram tema do simpósio, na ilha
Fiscal, no Rio de Janeiro.
Foi o caso dos trabalhos do explorador espanhol Francisco Requena, que passou um quarto de
século na Amazônia, "demarcando os limites das possessões portuguesas e espanholas, deixando
relações, mapas e aquarelas de
suas incríveis expedições", segundo o pesquisador Eric Beerman.
Em 1782, ele se aventurou pelo rio
Japurá, continuando a expedição
até o atual território da Colômbia.
Igualmente importante foi a expedição de José Gonçalves da
Fonseca ao rio da Madeira, em
1749-1750, tema do português
André Ferrand de Almeida, do
Instituto Universitário Europeu,
de Florença. Essa expedição, diz
ele, "corresponde a um período
decisivo no reconhecimento e na
definição do território brasileiro".
A rota pelo rio da Madeira tinha
valor estratégico para a coroa portuguesa, pois havia receio de que
por ela se extraviasse o ouro das
minas de Mato Grosso e que se fizessem comunicações potencialmente perigosas com os domínios espanhóis.
Para os portugueses e espanhóis, desbravar esses rios foi o
passo seguinte à investigação da
costa da América. "Os grandes
rios tiveram assim um papel decisivo nos descobrimentos", diz o
brasileiro Plinio Freire Gomes,
também do Instituto Universitário Europeu.
O Amazonas e o Prata, principalmente, se tornaram alvo de
uma "mito-geografia" -fantasias como "florestas de especiarias, índios bigodudos, manufaturas de louça preciosa, cortes riquíssimas, tribos de viragos e, é
claro, o El Dorado", diz Plinio.
Era um momento de rápido
avanço na geografia. No começo
do século 16 houve uma redefinição da representação da relação
entre continentes e oceanos nos
mapas, até então baseada no modelo cosmográfico ptolomaico,
"que postulava que todas as águas
do planeta estavam, em última
instância, rodeadas por terra", segundo o pesquisador espanhol
Francesc Relaño, da Universidade
de Lleida.
A viagem de circunavegação
iniciada pelo navegador português Fernão de Magalhães, a serviço da Espanha, foi peça fundamental na redefinição desse modelo, já que ela teria sido impossível em um planeta rodeado de terra.
(RBN)
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