HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Administrador do Estado que responde por quase metade do desmatamento na Amazônia, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), afirma que as lavouras não ameaçam a floresta e diz ser vítima. "Acho que tem alguém melhor para eles [imprensa internacional] baterem. Sou governador do Estado, produtor de soja. Sobrou eu para eles darem tapa. Não tem jeito."
 

Folha - A soja é a grande responsável pelo desmatamento na Amazônia em Mato Grosso?
Blairo Maggi - Tem o desmatamento legal e o ilegal. Compete ao Estado e à União combaterem a ilegalidade. Temos um volume muito grande de desmatamento irregular na Amazônia. No ano passado, conseguimos autuar 94% dos desmatamentos ilegais. Foram R$ 77 milhões em multas e, neste ano, não vai ser diferente.

Folha - Só multas inibem?
Maggi - Elas inibem, sim. Não só inibem, porque isso também é enviado ao Ministério Público. O governo não alivia para ninguém.

Folha - E a soja?
Maggi - Agora vai dizer: a soja é culpada? É uma atividade econômica que ocupa espaço. Tem ocupado, preferencialmente, o espaço da pecuária, que tem deixado de ser uma atividade atraente. E os pecuaristas estão buscando outros espaços para seus bois.

Folha - A culpa é da pecuária?
Maggi - A pecuária tem feito os maiores desmatamentos. Aí vai dizer: mas ela [a pecuária] está dando lugar à soja, o boi está indo para outro lugar. Mas para onde está indo o boi a soja não vai mais.

Folha - Então a soja não seria responsável por desmatamentos?
Maggi - Quero dizer a você que a soja é a grande responsável pela economia brasileira. Se não fosse a soja, o Brasil estaria numa situação extremamente complicada.

Folha - O sr. acha viável o avanço da soja para o norte do Estado, na divisa com o Pará?
Maggi - Eu não vejo a soja ocupando espaço da floresta amazônica. O que acontece em Mato Grosso é que temos uma grande zona, chamada de zona de transição. Há discussão se é floresta ou se é cerrado.

Folha - Não há problemas com a floresta em Mato Grosso?
Maggi - Eu vejo um problema. Aqui no Estado 790 mil hectares foram desmatados [ano passado] de forma irregular em pequenas propriedades. Ocorreu na região noroeste de Mato Grosso, onde há grande invasão de quem vem de Rondônia e Amazonas.


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