São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

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Aumento no desmate segue explosão da soja

MICHAEL McCARTHY
ANDREW BUNCOMBE
DO "INDEPENDENT"

É impressionante. É quase inacreditável. Mas a obliteração impiedosa da floresta amazônica continua num ritmo acentuado, revelam os novos números. O homem que mais do que qualquer outro representa as forças que estão fazendo isso acontecer é Blairo Maggi, o fazendeiro milionário e político irredutível que preside a explosão brasileira na produção de soja. Ele é conhecido no Brasil como o "rei da soja".
Ambientalistas brasileiros também o chamam de outra coisa -rei do desmatamento. Porque a explosão da soja, alimentando um mercado mundial aparentemente insaciável movido pelos criadores de gado, é o principal motor na destruição da floresta.
Os números mostram que no ano passado a taxa de desmatamento na Amazônia foi a segunda maior registrada, quando a explosão da soja completou seu terceiro ano. Uma vasta área de mais de 26 mil quilômetros quadrados -quase o tamanho da Bélgica- foi devastada, com metade da destruição total no Estado de Mato Grosso, onde Maggi, dono da maior produtora mundial de soja, também é governador.
Maggi não derruba lágrimas pelas árvores perdidas. Em 2003, seu primeiro ano como governador, a taxa de desmatamento em Mato Grosso mais que dobrou.
Numa entrevista no ano passado, ele disse: "Para mim, um aumento de 40% no desmatamento não quer dizer nada, e não sinto a menor culpa do que estamos fazendo aqui. Estamos falando de uma área maior que a Europa que é quase intocada, então não há nada com que se preocupar".
Muitas pessoas discordam veementemente. A sobrevivência da floresta amazônica, que ocupa 4,1 milhões de quilômetros quadrados e cobre mais da metade do território brasileiro, pode ser a chave para a sobrevivência do planeta. Imagina-se que cerca de 20% já tenha sido destruída pelas madeireiras legais e ilegais e pelo desmatamento para a criação de gado. Mas a explosão da soja aumentou dramaticamente o ritmo de destruição.
A explosão da soja apareceu primeiro nos números do desmatamento referentes ao período 2001-2002, quando, após quedas ou estabilizações durante oito anos, a taxa de destruição subitamente cresceu 40% num único ano, de 18.170 km2 para 25.500 km2. Desde então a taxa se manteve nesse patamar, com 24.597 km2 no período 2002-2003 e 26.130 km2 no período 2003-2004.


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