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Aumento no desmate
segue explosão da soja
MICHAEL McCARTHY
ANDREW BUNCOMBE
DO "INDEPENDENT"
É impressionante. É quase inacreditável. Mas a obliteração impiedosa da floresta amazônica
continua num ritmo acentuado,
revelam os novos números. O homem que mais do que qualquer
outro representa as forças que estão fazendo isso acontecer é Blairo Maggi, o fazendeiro milionário
e político irredutível que preside a
explosão brasileira na produção
de soja. Ele é conhecido no Brasil
como o "rei da soja".
Ambientalistas brasileiros também o chamam de outra coisa
-rei do desmatamento. Porque a
explosão da soja, alimentando
um mercado mundial aparentemente insaciável movido pelos
criadores de gado, é o principal
motor na destruição da floresta.
Os números mostram que no
ano passado a taxa de desmatamento na Amazônia foi a segunda
maior registrada, quando a explosão da soja completou seu terceiro ano. Uma vasta área de mais de
26 mil quilômetros quadrados
-quase o tamanho da Bélgica-
foi devastada, com metade da
destruição total no Estado de Mato Grosso, onde Maggi, dono da
maior produtora mundial de soja,
também é governador.
Maggi não derruba lágrimas pelas árvores perdidas. Em 2003, seu
primeiro ano como governador, a
taxa de desmatamento em Mato
Grosso mais que dobrou.
Numa entrevista no ano passado, ele disse: "Para mim, um aumento de 40% no desmatamento
não quer dizer nada, e não sinto a
menor culpa do que estamos fazendo aqui. Estamos falando de
uma área maior que a Europa que
é quase intocada, então não há
nada com que se preocupar".
Muitas pessoas discordam veementemente. A sobrevivência da
floresta amazônica, que ocupa 4,1
milhões de quilômetros quadrados e cobre mais da metade do
território brasileiro, pode ser a
chave para a sobrevivência do
planeta. Imagina-se que cerca de
20% já tenha sido destruída pelas
madeireiras legais e ilegais e pelo
desmatamento para a criação de
gado. Mas a explosão da soja aumentou dramaticamente o ritmo
de destruição.
A explosão da soja apareceu primeiro nos números do desmatamento referentes ao período
2001-2002, quando, após quedas
ou estabilizações durante oito
anos, a taxa de destruição subitamente cresceu 40% num único
ano, de 18.170 km2 para 25.500
km2. Desde então a taxa se manteve nesse patamar, com 24.597 km2
no período 2002-2003 e 26.130
km2 no período 2003-2004.
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