São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

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AMBIENTE

Presidente diz que Marina Silva conseguiu "proeza" e cria áreas protegidas no PA; MMA critica "empurra-empurra"

Lula defende ministra e anuncia reservas

Ayrton Vignola/Folha Imagem
Área agrícola nas vizinhanças de floresta na fazenda Tanguro, do Grupo Maggi (município de Querência, Estado de Mato Grosso); dono é governador Blairo Maggi

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois dias depois da divulgação da segunda maior onda de devastação da Amazônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil "ainda tem muito a fazer" para controlar o desmatamento.
Em discurso de improviso no Planalto, Lula atacou os que rotulou de "vorazes" devastadores e saiu em defesa da ministra Marina Silva (Meio Ambiente), alvo de críticas por causa dos números negativos na região amazônica divulgados na última quarta-feira.
"Alguns são vorazes. Eles, se pudessem, derrubavam tudo com trator ou com motosserra. Se pudessem poluíam todas as águas, porque alguns, por ignorância, acham que são infindáveis os bens que a natureza nos deu. E a companheira Marina, dentro do governo, conseguiu uma proeza com esse jeito dela se comportar."
Ainda em defesa da ministra, o presidente disse: "Feliz o país que tem a floresta que nós temos. Feliz o país que tem a água que nós temos. Mas muito mais feliz é o país que tem uma ministra como a Marina para tomar conta disso".
Segundo dados do Meio Ambiente divulgados nesta semana, a estimativa de desmatamento na Amazônia no período 2003-2004 atingiu 26.130 quilômetros quadrados, o equivalente à área do Estado de Alagoas.
Na cerimônia de ontem, o governo federal anunciou a criação de cinco reservas extrativistas e uma biológica (proteção total) no Pará, que, somadas, atingem uma área de 600 mil hectares. No evento, a rede ambientalista WWF anunciou a doação de US$ 3,3 milhões (R$ 8 milhões) para investimentos na proteção da biodiversidade na Amazônia.
Antes de Lula, a ministra Marina Silva também discursou. Pediu urgência ao Congresso para a aprovação do projeto de lei que trata da gestão de florestas públicas. Disse que, no governo federal, tem sido feito "um esforço muito grande" para conter o desmatamento. E completou: "Não queremos aqui minimizar o que tem uma imensa gravidade".
Mais tarde, em entrevista, ela afirmou que o governo não fará "jogo de empurra-empurra" com a questão ambiental. Ao ser questionada sobre as críticas do governador Blairo Maggi (PPS-MT) à falta de fiscalização das áreas com menos de 300 hectares no Estado, respondeu: "Se o governo ficar com jogo de empurra-empurra, não vai resolver o problema. Nos Estados onde os governantes não fizeram isso, o desmatamento caiu". A ministra também lamentou a saída do PV da base aliada do governo e disse esperar que o partido continue como parceiro.


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