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FÍSICA
Em experimento realizado nos EUA com feixe luminoso e uma câmara de césio, raio chegou antes mesmo de ter saído
Cientistas aumentam velocidade da luz
RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em um exótico experimento de
laboratório, pesquisadores nos
Estados Unidos conseguiram fazer com que um feixe luminoso
não apenas viajasse muito mais
rápido que a velocidade da luz,
como também que ele parecesse
chegar ao seu destino final antes
mesmo de ter entrado.
A luz tem uma velocidade de
300 mil quilômetros por segundo.
Os pesquisadores conseguiram
aumentar essa velocidade em 300
vezes. O pulso de luz pareceu sair
da câmara repleta de gás césio onde se fez a experiência exatos 62
bilionésimos de segundo antes de
entrar nela.
Os resultados do experimento
violam não só o senso comum,
mas também parecem ir contra
uma das bases da física moderna,
a teoria da relatividade de Albert
Einstein. Mas os autores garantem que, apesar do resultado, a física não foi abalada.
"A teoria da relatividade especial de Einstein e o princípio da
causalidade implicam que a velocidade de qualquer objeto em
movimento não pode exceder a
velocidade da luz no vácuo", dizem os autores do estudo, Lijun
Wang e dois colegas do Instituto
de Pesquisa da NEC, em Princeton, Nova Jersey. O estudo está
publicado na revista científica
"Nature" de hoje.
Einstein propôs em 1905 a chamada teoria da relatividade restrita (ou especial), segundo a qual, se
dois sistemas se movem de modo
uniforme em relação um ao outro, é impossível determinar algo
sobre seu movimento, a não ser
que ele é relativo.
O motivo é o fato de a velocidade da luz no vácuo ser constante,
sem depender da velocidade de
sua fonte ou de quem observa.
Para a relatividade restrita, um
relógio em movimento parece andar mais devagar do que um relógio estacionário, para um observador parado.
A física moderna também estabelece que a luz pode ser entendida de duas maneiras. A radiação é
emitida na forma de partículas
chamadas fótons, mas também
tem propriedades ondulatórias. A
teoria da causalidade está mais
próxima do senso comum: as
causas devem sempre preceder
seus efeitos.
A explicação para o experimento de Wang estaria nas características das ondas luminosas. Um
pulso de luz é constituído de um
conjunto de ondas com frequências diferentes; todas elas juntas
têm uma "velocidade de grupo".
Ao passar por qualquer material -o ar, a água-, essas ondas
luminosas têm uma velocidade de
grupo menor do que se estivessem no vácuo.
Para fazer o pulso de luz viajar
mais rápido é preciso criar um
meio de propagação -como
uma câmara com gás césio resfriado- capaz de amplificar frequências das ondas por meio de
interações com os átomos.
Mas, apesar de conseguir um fenômeno exótico, o experimento
não quer dizer que se possa um
dia criar alguma máquina capaz
de viajar mais rápido que a luz.
O feixe luminoso rapidinho é
incapaz de transmitir algum tipo
de informação, afirmam os pesquisadores.
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