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Carreiras e Empregos

Trabalho nada volunt�rio

ONGs se profissionalizam e passam a contratar empresas de recrutamento em busca de profissionais de alto n�vel, competindo com a iniciativa privada

VICT�RIA MANTOAN DE S�O PAULO

Alvino de Souza e Silva, 56 anos, trabalhou em empresas como a consultoria BBKO e o bra�o financeiro da C&A. Em 2006, ele decidiu deixar o setor privado para ser superintendente da Liga Solid�ria, ONG que atua com educa��o e cidadania.

Ele resume o motivo: "Num belo dia, j� desgastado e desgostoso do �ltimo emprego, eu resolvi ser feliz."

Apesar de n�o falar em valores, Silva diz que o sal�rio n�o foi um problema t�o grave. "A quest�o da remunera��o j� foi mais problem�tica quando o terceiro setor ainda n�o estava bem posicionado como atualmente."

A impress�o de Alvino est� de acordo com a avalia��o de profissionais de recrutamento e de outros executivos que foram ao terceiro setor.

A evolu��o na organiza��o de entidades sem fins lucrativos tem permitido que a remunera��o fixa se aproxime da praticada pelo setor privado. A diferen�a reside nas bonifica��es e participa��es de resultados, quesito em que o terceiro setor perde.

"Temos visto, por�m, uma op��o cada vez maior dos profissionais por eventualmente abrir m�o de receita para estar num trabalho em que eles acreditem", afirma Andre Degenszajn, diretor-executivo do Gife (Grupo de Institutos, Funda��es e Empresas), associa��o de investidores sociais privados que, entre outras fun��es, ajuda os membros a montarem suas pol�ticas de remunera��o.

Um exemplo � Priscila Cruz, 39, diretora-executiva da ONG Todos pela Educa��o.

Formada em administra��o pela FGV e em direito pela USP, ela trabalhou em empresas como a multinacional do setor aliment�cio Arcor e a consultoria Mercer, antes de migrar para o terceiro setor, no ano de 2001.

"� muito mais motivador ir trabalhar todos os dias com um prop�sito maior, que vai muito al�m do sal�rio no final do m�s", conta.

Ela come�ou ganhando metade do sal�rio que recebia no setor privado, mas, como ainda n�o tinha filhos, achou que podia arriscar naquele in�cio de carreira.

"� importante destacar que isso aconteceu em 2001, quando o terceiro setor era menor e menos profissionalizado. Foi um pulo no escuro, mas o mais acertado da minha vida, sem d�vidas."

HEADHUNTERS

ONGs est�o inclusive procurando servi�os profissionais de recrutamento -os "headhunters", especializados em "ca�ar" profissionais para cargos de alto escal�o.

O movimento ainda est� surgindo no Brasil, afirma Marcelo de Lucca, diretor-executivo da empresa especializada em gest�o de pessoas Michael Page, mas j� est� bastante consolidado em outros pa�ses. Na Inglaterra, ele cita como exemplo, a sua empresa tem inclusive um departamento dedicado exclusivamente � contrata��o para o terceiro setor.

� natural que, ao longo do desenvolvimento das entidades do terceiro setor, aconte�a uma transi��o, diz ele, de uma estrutura profissional mais volunt�ria para um corpo executivo bem preparado e remunerado.

"Chega a surpreender a capacidade que uma causa tem para atrair gente muito qualificada", afirma.

Um dos setores em que a profissionaliza��o se mostra crucial para as ONGs � o de capta��o de recursos.

� nessa �rea que trabalha Tha�s Mendes, 28, na Opera��o Sorriso -uma ONG m�dica internacional que tem como pol�tica de gest�o de pessoal fazer "com que seus funcion�rios n�o sintam que est�o fazendo trabalho volunt�rio", como afirma ela.

Tha�s foi fazer parte da equipe da ONG depois de trabalhar na �rea de marketing de marcas conhecidas do setor privado, como Le Lis Blanc e Mob, de vestu�rio.

A institui��o oferece gratuitamente opera��o para crian�as que tenham nascido com fissura no l�bio.

Tha�s, que estava insatisfeita com seu antigo trabalho quando aceitou o convite para fazer parte da ONG, tem um motivo especial para enxergar uma causa nobre nas atividades da ONG: ela pr�pria nasceu com fissura no l�bio.

Ela explica sua realiza��o: "Quando estou com as crian�as, tenho a oportunidade de ser exemplo. Os pais tocam a minha cicatriz, fazem perguntas sobre a cirurgia", conta.


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