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ADMINISTRAÇÃO
Projeto da reforma administrativa inclui artigo que fere lei orgânica
Chico propõe mudar secretarias sem autorização da Câmara
GUSTAVO PORTO
da Folha Campinas
O projeto de reforma administrativa enviado à Câmara pelo
prefeito de Campinas, Francisco
Amaral (PPB), inclui um artigo
que prevê remanejamento de unidades administrativas por meio
de decretos sem necessidade da
autorização do Legislativo.
A medida, que fere os incisos 10
e 11 do artigo 7� da LOM (Lei Orgânica do Município), está prevista em adendo ao projeto da reforma encaminhado anteontem aos
vereadores.
O líder do governo, vereador
Roberto Mingone (PFL), admite
que o artigo daria poderes para o
prefeito remanejar unidades sem
a consulta da Câmara. Ele disse
que vai analisar o documento
com mais rigor antes de dar uma
opinião.
"É estranho e eu vou analisar o
projeto", afirmou Mingone, presidente da CCLR (Comissão de
Constituição, Legalidade e Redação) da Câmara. A CCLR será a
responsável por dar o parecer sobre a legalidade do projeto.
O secretário dos Negócios Jurídicos de Campinas, Rubens Andrade de Noronha, afirmou que o
adendo ao projeto da reforma administrativa não passou pela análise de sua Pasta.
Noronha disse não considerar o
artigo inconstitucional, pois não
altera a estrutura administrativa
da prefeitura.
Se o artigo for aprovado, o prefeito poderá alterar a estrutura
das secretarias sem passar pelo
crivo da Câmara.
O requerimento de urgência para a aprovação do projeto deveria
ser votado anteontem, mas foi retirado de pauta em virtude do
adendo enviado à Câmara.
Advogados especializados em
direito público consultados pela
Folha discordam da opinião do
secretário.
Segundo o advogado Roberto
Telles Sampaio, ex-secretário dos
Negócios Jurídicos, o artigo é um
"cheque em branco para que o
Executivo faça o que quiser na sua
estrutura administrativa e é uma
renúncia ao poder de fiscalização
da Câmara."
Para a ex-procuradora da prefeitura Maria Odete Pregnolato, o
projeto, além de inconstitucional,
daria ao prefeito poderes para beneficiar secretários. " O prefeito
pode aumentar secretarias para
atender seus interesses."
O vereador Dário Saadi, líder do
PSDB na Câmara, disse que o artigo acaba tornando todo o projeto
inócuo. "Se o artigo for aprovado,
não vai adiantar nada a reforma
ser aplicada, já que o prefeito vai
poder remanejar qualquer órgão", afirmou o vereador.
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