Campinas, Domingo, 21 de Novembro de 1999

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HISTÓRIAS
Moleque de Campinas?

LUÍS EBLAK
Editor-assistente da Folha Ribeirão

No final dos anos 70 e início dos 80, imperava no cotidiano do futebol paulista a figura do "moleque travesso".
O apelido originalmente era atribuído ao simpático Juventus, mas seu espírito encarnava em outros times, principalmente do interior de São Paulo. Era a figura do menino levado que se atrevia a enfrentar os "grandes", no caso, as tradicionais equipes de São Paulo: Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos.
Os "travessos" entravam em campo sem ligar para o peso das camisas quatrocentonas. Chutavam a bola para frente, faziam 1 a 0 e terminavam as partidas trancados na defesa, a sete chaves, para segurar o placar que mancharia a honra das fanáticas torcidas rivais.
Um nome que mais se encaixa nesse fenômeno era o ponta Ataliba, que apareceu na rua Javari nos idos de 1979. Gago, ele cansou de fazer gols nas vitórias de seu humilde time contra Corinthians, São Paulo, Palmeiras. Depois, todos tinham de ouvir no rádio um menino com dificuldades na pronúncia das palavras falar sobre a grande conquista.
Para acabar com a praga do "moleque travesso", o time de Parque São Jorge contratou-o e Ataliba acabou fazendo parte da orquestra corintiana, comandada por Sócrates, Zenon e Biro Biro.
Pois bem. Ponte Preta e Guarani me parecem encarnar o "moleque travesso" da Mooca. Fizeram boas campanhas, chegaram até às oitavas, mas agora tremem. A Ponte, aliás, com sua ótima defesa, lembra a "retranca" do interior dos anos 80.
O Guarani anda meio tímido (0 a 0 em casa!?), o que não mereceria um título de travesso. Mas não quero ver o espírito do "moleque travesso" em Campinas. Pelo contrário, espero ver a Macaca e o Bugre como grandes, fazendo todo o Brasil lembrar da cidade pelo futebol, não pelo crime organizado.



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